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Latinoamérica

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A partir desta quarta-feira, dia 10 de setembro, São Paulo vai receber o primeiro Festival de Cultura Latina do Centro Cultural da Juventude. Até o próximo dia 14 estão programadas diversas atrações que contemplam o universo latino, de oficina de empanadas e exibições de filmes e shows.

A MC Indee Styla, da Espanha, em sua terceira passagem pelo Brasil, apresenta o disco Nomada, também fazem show Ana Tijoux, o grupo Divas do Hip-Hop - com MCs brasileiras - e a banda Azúkar. Fale com Ela (Almodóvar) e O segredo dos seus olhos (Juan José Campanella) são alguns dos filmes exibidos.

Programação:
BANDA AZUKAR 
Dia 10/09, quarta, 20h. Área de Convivência.

OFICINA DE EMPANADA 
Dia 11/09, quinta, 15h. Cozinha Experimental

EXIBIÇÃO DE FILMES
Dia 11/09, quinta, 19h, Foyer - Três Enterros
Dia 12/09, quinta, 19h, Foyer - Fale com Ela
Dia 13/09, quinta, 19h, Foyer - O segredo dos seus olhos

OFICINA MANUAL E GUIA DO PALHAÇO DE RUA
Dia 11/09, quinta, das 15h às 19h. Área de Convivência.

CHACOVACHI, CUIDADO UM PALHAÇO MAU PODE ARRUINAR TUA VIDA
Dia 11/09, quinta, 19h30. Área de Convivência.

DIVAS DO HIP-HOP
Dia 12/09, sexta, 20h. Arena.

COMIDA DE RUA COM SABOR LATINO
Dia 13/09, sábado, das 11h às 16h. Mirante.

OFICINA DE STREET DANCE
Dia 13/09, sábado, 15h. Espaço Sarau.

MC ESPANHOLA INDEE STYLA
Dia 13/09, sábado, 20h30. Área de Convivência.

ANA TIJOUX
Dia 14/09, domingo, 19h. Área de Convivência.

Vai lá: http://ow.ly/BlCGR 


A perseguida

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Bettie Page, pin-up definitiva pelas lentes de John Razan, no The Big Book of Pussy, da Taschen

Bettie Page, pin-up definitiva pelas lentes de John Razan, no The Big Book of Pussy, da Taschen

O clitóris é o único órgão humano cuja função reconhecida é apenas gerar prazer. Em O sexo da mulher, de 1967, o médico e escritor Gérard Zwang o descreve como “o inseparável educador da vagina, seu incitador ao prazer, seu vizinho de porta e melhor amigo”. Sua posição estrategicamente superficial torna difícil pensar que esteja ali somente para premiar um esforço reprodutivo. Faz supor que, representada ao longo da história por flores, cálices e monstros, a genitália feminina assusta por retirar do homem uma certa ilusão de controle.

Em seu livro de estreia, Personas sexuais: arte e decadência de Nefertite a Emily Dickinson, a intelectual americana Camille Paglia fala sobre os mistérios que circundam a vulva e o útero na mitologia antiga. Em diversas tradições, essa região da anatomia feminina surge como um reino escuro, capaz de tragar desavisados. Uma das lendas fala sobre a “vagina dentada”, espécie de monstro castrador de homens. “Mitchell Lichtenstein, que foi meu aluno, ficou com essa cena na cabeça e acabou fazendo um filme de terror satírico chamado A vagina dentada, sobre uma jovem que percebe que sua genitália tem o poder de castrar”, conta Paglia em entrevista à Trip. “Você me pergunta o que significa o pênis hoje e eu acho que ele continua significando o poder, ainda que decaído. Já a vulva, bem, a vulva é essa instância supostamente dentada que ameaça o poder”, explica.

O mito da vagina dentada revela como o homem heterossexual vê o sexo das mulheres, diz o médico e psicanalista Francisco Daudt: frequentemente, com medo. “Elas detêm o poder de escolha, já eles devem se apresentar com ereção duradoura e orgasmo visível para que possam lançar suas sementes. A mulher não precisa de uma exibição de tesão tão consistente para procriar, suas falhas sexuais são mais camufláveis. Para o homem, resta o medo de falhar diante do ícone desejado, que se torna ameaçador”, diz.

CASTRAÇÃO OCIDENTAL

Há muitos modos de desarmar uma vulva. Cintos de castidade já confinaram esses monstros descontrolados. Em alguns países do Oriente, a amputação do clitóris busca minar fisicamente o prazer feminino. No Ocidente moderno, a obsessão pela beleza dos corpos atinge as partes baixas com procedimentos que vão da depilação a cirurgias estéticas que diminuem a sensibilidade da região, como a cirurgia de redução do capuz clitoriano e a ninfoplastia.

A exigência higienista de que a mulher seja bonita em seus mínimos detalhes mina o prazer, é a sutil castração ocidental. “A ideia de beleza e adequação passa a ser uma noção moralista, não obstante os corpos considerados bonitos ficam gradualmente mais assépticos”, diz Marcos Pais, psiquiatra do hospital Vera Cruz, em São Paulo. Há muitos modos de desarmar uma vulva: a tentativa da vez é a padronização. 

O Banco Mundial da Genitália é uma plataforma de compartilhamento de fotos de órgãos sexuais que já recebeu mais de 5 mil imagens. O projeto, criado por João Kowacs, Caroline Barrueco e Luiza Só, busca catalogar a diversidade das partes baixas com fotos de pessoas trans e cisgêneras (pessoas cuja identidade de gênero coincide com o sexo biológico). “O banco pode ser definido como um projeto artístico, uma militância, um arquivo de imagens”, explica Kowacs. A ideia surgiu depois de uma transa, quando João virou para Caroline e disse: “Alguém tinha que fazer um catálogo de genitálias humanas”. A ideia se dissipou, como tantos projetos que começam na cama, mas acabou concretizada há dois anos.

Expostas em um site, as fotos do banco não trazem identificação do modelo nem do fotógrafo. Não é possível saber se uma vulva específica veio de Berlim ou do Rio de Janeiro, mas os organizadores tentam imprimir certa coerência. “A ideia do projeto é ser mais informativo do que erótico, por isso a genitália é apresentada fora do contexto sexual, de excitação”, explica Kowacs. “Mais de 95% das fotos que recebemos são rejeitadas, não aguento mais ver foto de pau duro ao lado de latas de Pringles”, ri Barrueco. Atualmente, o banco recebe quatro vezes mais pintos que vulvas. As fotos são enviadas pelos participantes através do site genitalia.me ou tiradas em festas, em cabines especiais desenvolvidas pelos artistas.


"O padrão de vulva que vem se construindo é fechado em si mesmo, com lábios pequenos, lembra um coração. É como se a genitália precisasse refletir os valores que se espera da mulher; é um tipo de vulva que, mesmo exposta, pouco mostra"


Num mundo em que a genitália feminina ainda é tabu, a plasticidade e a maneira como é exposta podem determinar muita coisa. Alexandre Machado foi redator-chefe da Playboy durante a década de 1980 e assinou contratos com artistas importantes, como Sônia Braga e Vera Fischer. Em seu apartamento em São Paulo, pende um quadro com autógrafo de Xuxa, concedido durante seu ensaio para a revista, em 1982. “Naquela época, a censura operava de um jeito cômico. Podia-se, por exemplo, mostrar um seio, mas os dois na mesma foto não, a família brasileira não podia lidar com uma mulher de dois seios.” Para Machado, a vulva continua sendo o epicentro do moralismo: “Qual a diferença entre um nu dito de bom gosto e um de mau gosto? A forma como a vulva é trabalhada. Se aparece escancarada, é de mau gosto. Se é desvelada, se aparece mais como sugestão do que como órgão, aí tudo bem”, diz. "O choque diante da xoxota é que ali já não dá para fingir que o corpo da mulher é uma obra de arte, uma coisa para contemplação. A boceta deixa claro a que veio, intimida o homem.”

O PESSOAL É POLÍTICO

Para Suely Gomes Costa, historiadora da Universidade Fluminense que pesquisa relações de gênero, a imposição de uma “bela vulva” segue a tendência geral de lidar com os corpos como produtos que devem ser constantemente aperfeiçoados: “O retoque na genitália passa a ser visto com a mesma naturalidade de um retoque no nariz ou nas rugas”. Para ela, são consideradas feias as genitálias “largas, espaçosas, assimétricas, gordas, escuras, caídas, com clitóris proeminente, muito peludas ou com pelos que se prolongam pelo ânus”. “O padrão de vulva que vem se construindo é fechado em si mesmo, com lábios pequenos, lembra um coração. É como se a genitália precisasse refletir os valores que se espera da mulher; é um tipo de vulva que, mesmo exposta, pouco mostra”, conclui.

É tanta prescrição de como a vulva devia se portar que talvez o melhor apelido para ela seja mesmo perseguida. As diretoras alemãs Claudia Richarz e Ulrike Zimmermann acabam de rodar o filme Vulva 3.0 (premiado na Berlinale e que será exibido no Festival do Rio, no fim deste mês), que trata de modificações na vulva, desde a circuncisão até as cirurgias plásticas íntimas. Para elas, a radicalização da depilação, somada aos retoques das imagens da pornografia, deixaram os contornos externos da vulva mais expostos (e idealizados), o que acabou incentivando plásticas na região: “A depilação total poderia ser um ritual de afirmação, uma forma de expor e celebrar a genitália feminina, mas acabou acirrando um ideal de beleza absurdo e digital. Mulheres que não celebram nem conhecem bem sua própria vulva ficam extremamente críticas consigo mesmas e se deixam operar para ficar parecendo uma fotografia retocada”, opinam. Não à toa, o Brasil, país que batizou o termo em inglês para a depilação total (Brazilian wax) é também o campeão de cirurgias íntimas, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica. “A mulher tem medo de ser inadequada em suas partes íntimas, teme que elas não pareçam atrativas para si e para o outro”, explica a ginecologista Ana Vargas.

 

"O pênis hoje continua significando o poder, ainda que decaído. Já a vulva, bem, a vulva é essa instância supostamente dentada que ameaça o poder"

 

O feminismo trouxe para o domínio público questões da esfera privada. Mais do que pregar a igualdade de gêneros, esse sistema de pensamento começou a problematizar assuntos domésticos. “O pessoal é político”, dizia o slogan da segunda onda feminista, iniciada nos anos 1960, ressaltando as ligações entre a experiência pessoal e a estrutura social. “Temas como a dificuldade de obter prazer, a violência doméstica e a masturbação passaram a ser discutidos coletivamente. Priorizar seu próprio prazer tornou-se um posicionamento político da mulher”, explica Marcos Pais.

“Historicamente, nota-se uma ligação entre os avanços da mulher no campo sexual e as exigências estéticas que surgem para minar esse avanço”, diz Pais. Quando o comprimento das saias começou a subir, surgiu a paranoia com a celulite. Agora, calças justas, biquínis e uma maior exposição da vulva acarretam em preocupações sobre formatos e cores da região íntima, o que alimenta uma indústria de clareamentos, plásticas e adereços como o famigerado cuchini, usado pelas misses para camuflar a dobrinha da xoxota, dando aquele aspecto de Barbie. “Essa busca pela beleza se confunde muito com uma ação moralizante. Quando já não é possível dizer que as mulheres não podem mostrar uma parte do corpo ou fazer algo, o passo seguinte é criar uma série de restrições estéticas e vagamente médicas para impedir aquilo”, conclui Pais. (Colaborou Flora Lahuerta)

Calcinhas voadoras

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Tom Zé e o ritual de lavagem das calcinhas: avaliação de modelos e cheiros

As apresentações de Tom Zé no Circo Voador têm um histórico de conexão entre artista e público. Numa noite de agosto de 2011, um desses shows ficou conhecido como “a noite das calcinhas voadoras”. Uma fã levou uma peça vermelha, na qual se podia ler versos referen- tes à canção “Quando eu era sem ninguém” (acima), e atirou no palco. Foi o suficiente para que o cantor resga- tasse a calcinha, a colocasse na cabeça e iniciasse uma série de considerações sobre a intimidade feminina.

“A boceta é uma coisa tão comovente que eu passo a língua em qualquer uma!”, palestrou. “Desde que sou pequenininho que só penso em boceta. Engano vocês aqui fazendo música, mas estou o tempo todo pensando em boceta!” Outras mulheres passaram a arremessar calcinhas conforme ele as desafiava, dizendo que só conti- nuaria o show caso conseguisse uma dúzia delas.

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Dedicatória carinhosa, em papel de carta especial

A convocação não era em vão: na volta a São Paulo, Tom Zé decidiu consagrar as calcinhas em uma cerimônia mundana, lavando-as em casa, um ritual que foi registrado no educativo vídeo A lavagem das calcinhas voadoras, realizado pela produtora Pixel Banana. Nele, o cantor faz uma resenha das peças recolhidas, filosofando sobre “o humor interno da mulher” e “a pessoalidade do atolamento” enquanto evoca Tati Quebra-Barraco, Napo- leão Bonaparte, MC Bola de Fogo e o papa Gregório IV, não sem proferir novas pérolas como “eu vou lavar não para tirar o humor das calcinhas, mas para conservar”.

Pouco tempo depois, ainda em 2011, num show em Ouro Preto, foi o colega Jards Macalé que começou a brincadeira, arremessando ao palco duas calcinhas – e as mulheres complementaram com uma dezena. Nova- mente no Circo Voador, em 2012, no lançamento do EP Tribunal do Feicebuqui, a chuva íntima se repetiu. Perguntado sobre o fenômeno, o cantor, que está em estúdio gravando um novo álbum, disse: “Tenho paixão por calcinhas. Eu sou mulher, não sou homem, não. Tenho todas as características de uma mulher. Eu levo uma vida de sofrimento, assim como as mulheres. Por isso digo, viva as bocetas mais queridas!”



Arte íntima

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Em julho, a artista japonesa Megumi Igarashi, conhecida como Rokudenashiko, foi presa por obscenidade em seu país depois de distribuir um arquivo que permitia aos interessados imprimir, em 3-D, réplicas de sua vulva. Do lado de cá do mundo, há três meses, no polo universitário de Rio das Ostras da Universidade
Federal Fluminense, a artista Raíssa Vitral teve seus lábios vaginais costurados na performance Xereca SatâniK, que deu o maior quiproquó. De Courbet e Schiele, passando por Le Viol (O estupro), de Magritte, até performances como Luminosity, de Marina Abramovic, a xoxota (e o corpo) é tema de debate. A Trip ouviu quatro artistas que colocaram no centro de sua criação aquele que Gérard Zwang, no clássico O sexo da mulher (1967), chamou de “órgão-chave da posse do corpo, mais desconhecido que a face escura da lua”

 

QUEM: MILO MOIRÉ (SUÍÇA)
OBRA: PlopEggs (2014)
O QUE É: Do lado de fora da feira Art Cologne, a artista realizou uma pintura com tinta liberada pela vagina. “Tudo começou com a pergunta ‘o que significa, fisicamente, dar vida a um trabalho?’. A resposta foi dar à luz uma pintura usando um dos símbolos da vida. A vagina possui uma força mística e fértil que afeta as pessoas de uma forma assustadora. Na arte, ela é uma das muitas possibilidades de jornada interior. Para mim, é uma representação metafísica que abrange grande parte do meu ser. Talvez seja uma forma de confrontar os espectadores, mas a natureza da arte é a de romper barreiras.”
Vai lá www.milomoire.com 

 

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QUEM: DEBORAH DE ROBERTIS (LUXEMBURGO)
OBRA: Miroir de L’Origine (2014)
O QUE É: A performer se dirigiu até o Museu D’Orsay, em Paris, e diante do quadro A origem do mundo, de Gustave Courbet, reencenou a famosa imagem. “Este trabalho se baseia no ponto de vista da modelo feminina, ausente no quadro de Coubert, para questionar as molduras que condicionam nossa visão em relação ao sexo. Quando entrei no museu, estava preparada para tudo, e ao me sentar diante da pintura senti uma calma absoluta, como se fosse espectadora do pânico causado pelo meu gesto de abrir as coxas. Não foi somente o meu sexo que exibi, mas um sexo universal, de todas as mulheres. Esse gesto
não pode se perder na polêmica. Eu utilizei a mídia para dar voz a A origem do mundo.” 

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QUEM: JAMIE MCCARTNEY (INGLATERRA)
OBRA: The Great Wall of Vagina (2011)
O QUE É: O “grande mural da vagina” é um conjunto de dez painéis com esculturas em gesso que recriam as vulvas de 400 mulheres. “Sabia que a obra seria para sempre controversa, mas não fiz só pelo barulho. Tinha razões sérias para criá-la, entre elas a de combater as ansiedades genitais das mulheres, ao mostrar a diversidade de aparências das vulvas. Todas as 400 mulheres que aparecem foram voluntárias que acreditavam no que eu tentava fazer. Tenho que honrá-las ao não sensacionalizar a escultura. É um difícil equilíbrio entre promoção e exploração. Ainda estou achando meu caminho.”
Vai lá greatwallofvaginas.co.uk


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QUEM: CASEY JENKINS (AUSTRÁLIA)
OBRA: Casting Off My Womb (2013)
O QUE É: Uma performance de 28 dias em que a artista inseria um novelo de lã na vagina a cada manhã e passava a tricotá-lo. “Vivi uma experiência semelhante a uma meditação que combinava as capacidades físicas do meu corpo com as minhas expectativas culturais. A vagina/vulva tem o potencial de ser um símbolo muito intenso na arte graças à forma como tantas culturas distorceram essa inocente parte do corpo, transformando-a em maldição. A grande maioria de nós tem contato regular com vulvas, e ainda assim alimentamos medos que nos constrangem na hora de olhar ou falar sobre elas. De certa forma, eu acho essas reações fabricadas fascinantes– é a partir delas que eu crio.”
Vai lá www.casey-jenkins.com

 

Punhos à obra

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Paul Dawidson/Divulgação

 

De meca da liberdade sexual nos anos 20 a berço de pesquisas vanguardistas sobre o orgasmo feminino (que levaram à descoberta do “ponto G”), Berlim é uma cidade aberta a experimentações. Contrariando as tendências atuais, que apontam grande demanda por cirurgias íntimas, como a de estreitamento do canal vaginal, na capital alemã a moda é outra: é preciso abrir, alargar. Não só a cabeça e os horizontes, mas a própria xoxota. 

A pronúncia da palavra “fisting” (o “s” estendido, como se estivesse rasgando algo) causa em alguns certo desconforto. Em alemão então, faustfick (ou foda de punho) pode soar meio pesado. Segundo Coach Lea, 48, terapeuta alternativa especializada em sexualidade, a indústria pornográfica criou uma imagem muito violenta do fisting, que na verdade pode ser uma experiência redentora. Em seus workshops, ela ensina a casais e pares de amigos, na faixa de 30 a 60 anos, os cuidados necessários para colocar os punhos à obra. Higiene é fundamental, sendo imprescindível o uso de luvas cirúrgicas. Ela também chama a atenção para a necessidade de sutileza: “alguns homens fazem movimentos rápidos demais, porque acham que precisam imitar o ‘entra e sai’ de uma trepada. Eles não imaginam que o mínimo movimento pode despertar uma série de sensações”.

Para Klara Luhmen, 32, massagista tântrica e praticante de bondage, “o fisting pode ser profundo e meditativo. É uma sensação de preenchimento bastante intensa e muita ação distrai esse estado”. “Na
primeira vez em que recebi, meu corpo ficou vibrando por uns 10 minutos, em total êxtase”, relata. Já o marceneiro Hans, 43, se sente “maravilhado por poder adentrar com o punho nessa caverna misteriosa,
quente e acolhedora” que é a vagina. Sua mulher Elke, 47, professora de yoga, sorri: “depois de parir quatro filhos, minha vagina ficou mais larga e mais receptiva. E meu marido adora”. 

Enquanto demonstra as lições teóricas em sua assistente, Lea enumera os benefícios da prática: eliminar as tensões acumuladas na área, que raramente é massageada; exercitar os músculos pélvicos, evitando problemas de saúde ligados ao aparelho reprodutor, excretor e aos rins; e, claro, descobrir novas formas de prazer. O “alargamento” (estágio inicial do fisting, quando são inseridos apenas os dedos, reunidos em uma posição chamada “pato silencioso”) ajuda na preparação para o parto. E a prática constante do fisting pode combater a tão temida flacidez genital. “Não se trata só de ‘alargar’, mas de treinar os músculos para relaxar e contrair, criando consciência corporal na região”, ensina a coach. Klara completa: “todos os músculos do corpo podem (e devem) ser trabalhados, alongados e fortalecidos. Por que não fazer o mesmo com os da vagina?”

Como vai a Prochaska?

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A jornalista e atriz Cristina Prochaska viu seu sobrenome virar sinônimo de xoxota em uma malfadada transmissão de Carnaval, que se tornou um clássico televisivo dos anos 80

João Raposo

Cristina Prochaska ficou conhecida pela novela Vale Tudo e pelo episódio carnavalesco

Cristina Prochaska ficou conhecida pela novela Vale Tudo e pelo episódio carnavalesco.


Aconteceu numa cobertura de baile de Carnaval.

Em 1984, a atriz Cristina Prochaska encerrava a transmissão da TV Bandeirantes no clube Monte Líbano, no Rio de Janeiro, quando, às suas costas, uma foliã mais animada, já em cima da mesa, arrancava a parte de baixo do biquíni. Era o último ano da ditadura militar e o diretor da transmissão, Eduardo Lafond (1948-2000), temendo confusão com a censura, gritou desesperado para o câmera: “Fecha na Prochaska!”. Era a ordem para que o foco fosse para a apresentadora. Em vez disso, a emissora transmitiu um close explícito da mulher.

“Virou uma grande piada”, lembra Cristina, que deixou a carreira televisiva e mudou-se para Ubatuba, onde é diretora de turismo da prefeitura e sócia da Virô Produção e Marketing. O apresentador Otávio Mesquita, que também participava da transmissão, costuma repetir o causo a quem perguntar. Jô Soares é outro que mantém a história viva. “Sempre que vou ao programa dele, a primeira coisa que pergunta é: ‘Como vai a sua prochaska?’.”

A atriz, que participou de várias novelas (entre elas Vale tudo) e está no fi lme Histórias íntimas, diz que achou tudo engraçado na época. Já seu pai, Edgard Prochaska, um dos pioneiros na caça submarina no Brasil, não gostou nada. “Ele é um homem sério e o sobrenome dele virou gíria para vagina”, diz Cristina, que guarda um detalhe: o fim da piada. O que disse o câmera ao ouvir por repetidas vezes a ordem do diretor? “Só se eu entrar dentro dela!”, conta, com uma gargalhada.

Rorion Gracie: Pra mim o UFC perdeu um pouco a finalidade

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Rorion Gracie

Rorion Gracie

No episódio desta semana o Trip TV recebe um dos maiores mestres de jiu-jítsu do mundo, Rorion Gracie, o inventor do famoso ringue de oito lados e do Ultimate Fighting Championship, um dos eventos esportivos mais valiosos do planeta. Rorion conta ao programa sobre as origens da arte marcial desenvolvida pela sua família, revela detalhes da criação do UFC e surpreende: “Pra mim o UFC perdeu um pouco a finalidade”. 

Miá Mello e Fábio Porchat

O humorista Fábio Porchat e a atriz Miá Mello conversam sobre a parceria no projeto Meu passado me condena e falam sobre teatro, televisão, internet e, claro, humor. 

Miriam Chnaiderman

Miriam Chnaiderman

E o Trip TV também fala sobre a questão do gênero. Afinal, o que define o “homem” e o que define a “mulher”? Vivemos uma época de rara liberdade e de constante experimentação. Padrões estéticos, e até anatômicos, já não são suficientes para definir o gênero de um indivíduo, e nossa ideia do que é “masculino” e do que é “feminino” está em permanente revisão. Para desenvolver esse debate o programa conversa com a psicanalista e cineasta Miriam Chnaiderman e traz depoimentos da cartunista Laerte e do estilista Dudu Bertholini. 

Tabet, o Kibe Loco do Porta dos Fundos: A internet é a nossa casa

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Reprodução

Antonio Tabet

Antonio Tabet

. Um dos fundadores do canal Porta dos Fundos, Tabet conta ao programa sobre o começo da sua trajetória, fala da sua experiência na publicidade, na internet e, claro, sobre o sucesso do Porta dos Fundos: “A internet é a nossa casa. A gente não vai sair da internet nunca”. 

Gero Camilo

Gero Camilo

O programa também conversa com Gero Camilo. Poeta, músico, escritor e ator, Gero atuou em alguns dos mais aclamados filmes brasileiros dos últimos anos, como Bicho de sete cabeças, Cidade de Deus e Carandiru, onde viveu um inesquecível, e pitoresco, par romântico com Rodrigo Santoro. Ao Trip TV, Gero fala sobre arte, poesia, música, sobre seu novo disco, Megatamainho, sobre o estereótipo do nordestino e política: “As manifestações do ano passado mexeram muito comigo. Estive em várias. Não era só a tarifa do ônibus. Era minha sexualidade sendo atacada por uma homofobia alucinada. Eu sou um ser político. Eu tenho muita vontade dessa discussão”. 

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Dr. Tuíbio Leite de Barros

Ainda nesta edição, o doutor Turíbio Leite de Barros, um dos mais respeitados fisiologistas esportivos do Brasil, comenta sobre o preparo físico de alguns dos maiores nomes do futebol mundial: “O futebol é uma das modalidades esportivas em que a técnica é muito mais importante que o físico”. 


Um ensaio da Trip de 1999 foi pouco convencional

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Trip #74, 1999

Trip #74, 1999

O ensaio de moda da edição de julho de 1999 foi pouco convencional: nele, os modelos, homens e mulheres
comuns, apareciam vestidos e pelados. Intitulado “Isto é gente”, ele operou sob a premissa de que roupas
servem para nada mais do que cobrir “carcaças esquálidas, barriguinhas pançudas, seios rijos e xoxotas peludas”. A Trip, na ocasião, não fugiu do nu frontal, estampando algumas dessas “xoxotas peludas”, como a da atriz Nilce Costomski, que ilustra esta nota. Em outra reportagem, de junho de 1998, “Roupa serve pra isso”, mais corpos de gente comum ganharam as páginas da revista. A matéria, na época, levou três medalhas do New York Art Directors Club.

Transando uma lanterna

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Com mais de 7 milhões de unidades vendidas - inclusive no Brasil-, a Fleshlight é um dos principais brinquedos sexuais masculinos do mundo, com sua simpática bocetinha penetrável

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Enquanto as mulheres se esbaldam com vibradores como o rabbit e a borboleta (além dos sex toys com base, feitos para ser cavalgados), os homens costumam sofrer para encontrar algo semelhante e se entreter no conforto do lar sem ter que apelar ao milenar, porém eficaz, “cinco contra um”. Donos de bonecas infláveis, por exemplo, pareceriam à sociedade mais propensos ao homicídio do que ao prazer sexual caso fossem descobertos. Um desses brinquedos, porém, vem rompendo essa barreira: a Fleshlight, uma “lanterna” que, em vez de iluminar, abriga o membro rijo na escuridão de seu túnel emborrachado.

Criada em 1996 no Texas pela Interactive Life Forms (percebe-se que os donos são bons em dar nomes), a Fleshlight já vendeu mais de 7 milhões de unidades e é importada no Brasil através de uma subsidiária. Seu segredo, aparentemente, é o material utilizado dentro do estojo: a pele sintética, chamada de SuperSkin (cujos componentes não são revelados pela fabricante), proporciona ao toque uma sensação
próxima da coisa real. Há ainda outro elemento de sucesso: a série Fleshlight Girls, em que estrelas do pornô norte-americano emprestam o molde de seus lábios em edições assinadas, com texturas interiores diferentes umas das outras (são 40 ao todo), que mais parecem labirintos enfeitados com bolas, ranhuras e cílios com nomes cintilantes como barracuda, vortex, bump n-grind e destroya (este da atriz Stoya). “Nós fazemos um molde simples da vulva de cada atriz, que vai na face da Fleshlight, mas nenhum molde interior é feito”, explica Amanda Greiner, porta-voz da empresa. “Por isso, não há necessidade de ter um ginecologista aqui na empresa”, diverte-se.

Para ser utilizada, a xana emborrachada requer alguns cuidados: nas preliminares, é recomendável banhá-la em água quente, para deixá-la morninha, e então lubrificá-la para a penetração; depois do clímax, só papel higiênico não resolve, tem que limpar a lanterna na pia (esta parte não soa muito gloriosa). O que
faz pensar: não seria mais fácil interagir com um ser humano?

Vai lá www.fleshlight.com

Traço perverso

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Reprodução

Entre os desenhistas que dedicam seu trabalho ao erotismo, o japonês Toshio Saeki surge como a mente criadora de imagens dementes envolvendo mulheres e suas pepecas. Em seus traços, elas aparecem amarradas e prestes a serem penetradas por objetos estranhos, isso quando não têm três cabeças, uma delas na região da pélvis, com a boca no lugar da vagina. “Tento capturar aquilo que cresce escondido e se torna um sonho imoral, horrível e sem-vergonha”, disse ele em entrevista à revista Dazed & Confused. Nascido em 1945 em Osaka, sua obra foi reunida e exibida em Londres no ano passado pela Print House Gallery.

Vai lá art.vniz.net/en/saeki

Mistério ilustrado

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Reprodução

 

Desenhar bem é um dom que não escolhe gênero sexual, mas nenhum dos colaboradores do Gay Men Draw Vaginas está muito preocupado com técnica ou fidelidade de traço. O projeto de ilustrar o portal da sexualidade feminina surgiu em San Francisco, na Califórnia, há três anos, quando o escritor Shannon O’Malley pediu ao amigo Keith Wilson para desenhar uma vulva durante um jantar. Depois, ambos começaram a fazer o mesmo com outros amigos, e com amigos de amigos, depois montaram barracas em bairros gays como Castro para que os passantes fizessem suas contribuições. Quando viram, eles tinham material suficiente para alimentar um perfil de Instagram, um Tumblr e, agora, um livro do tipo “mesa de centro”. O mais legal do projeto não são os desenhos que tentam ser fieis à anatomia, mas os que criam alegorias, fantasiando sobre a mística feminina – algumas são monstros, outras são frutas, animais, objetos ou simplesmente abstrações. Recentemente, a dupla fez uma campanha de crowdfunding para publicar o Gay Men Draw Vaginas e conseguiu seu objetivo: em agosto eles arrecadaram mais de US$50 mil para imprimir mil cópias. Algumas destas ilustrações figuram nas colunas desta edição, a partir da página 100.

Vai lá gaymendrawvaginas.tumblr.com

Música e transformação

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O esquenta do Trip Transformadores 2014 acontece neste domingo, 19 de outubro, em São Paulo, com showzaço em homenagem aos 70 anos de Chico Buarque. Sabe quem vai cantar as músicas do muso? Olha só: Elza Soares, Criolo, Nina Becker, Saulo Duarte e a Unidade, Blubell, Aláfia, Felipe Cordeiro, O Terno e Brothers of Brazil.

Anotou? Confirme presença pelo Facebook pra não esquecer. ;) http://bit.ly/chico70anos

Vai lá: Música e  transformação
A partir das 18h na parte externa do Auditório do Ibirapuera
Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 2, Parque Ibirapuera, São Paulo
Entrada gratuita 

Tela do futuro

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Raul Garcez


Histórias paralelas

Marcio Garcez, 40 anos, diretor de bens de consumo, mídia e entretenimento do Google Brasil

Marcio Garcez, 40 anos, diretor de bens de consumo, mídia e entretenimento do Google Brasil

Existe o mito de que a televisão estaria perdendo audiência. Na verdade, acho que ela está ganhando cada vez mais – só que agora ela é multiplataforma. A televisão brasileira talvez conte histórias melhor do que qualquer outra, mas estas começam a ser consumidas também nos tablets, celulares e nas televisões inteligentes. Os produtores de conteúdo precisam encarar esse cenário como uma nova janela para o storytelling. A novela, um campeão de audiência, vai continuar novela, mas não só na TV. Encontrar histórias paralelas na internet é um caminho, com material extra que dê a chance de o consumidor interagir mais com o produto. Vivemos o fenômeno do microcasting a partir da popularização das câmeras digitais e dos smartphones que permitem fazer vídeos. As pessoas passam a gravar suas próprias vidas e disponibilizá-las em plataformas como o YouTube. A essência do YouTube é o microcasting. Essa tecnologia deu poder de manifestação às pessoas. É inevitável citar as blogueiras de moda e maquiagem. A brasileira Camila Coelho, por exemplo, é uma vlogger que fala com a massa. Essas meninas viraram celebridades disputadas pelas marcas tanto quanto as personalidades da TV. Tudo isso pra criar um elo de identificação e atingir esse consumidor que hoje é super on-line.


Onipresença

Sergio Valente, 50 anos, diretor de comunicação da Globo

Sergio Valente, 50 anos, diretor de comunicação da Globo

Para a Globo, o futuro da televisão é claro: estar perto das pessoas e ser relevante para elas. As pessoas precisam ter acesso ao conteúdo da Globo onde e como elas quiserem. Precisamos ser acessíveis em todas as telas, em todos os lugares e momentos. Estamos no negócio de entreter, informar e divertir e temos que fazer isso com o máximo de qualidade. Temos que ser relevantes para ser comentados, criticados, admirados, seguidos e curtidos. Essa relevância virá da nossa qualidade de produção, de criatividade, de inovação; do roteiro à atuação, da busca da informação à sua análise. Em todas as áreas de conteúdo da Globo – seja no jornalismo, no esporte, no entretenimento, na comunicação –, estamos focados na busca dessa qualidade. 

 

Geração multiconectada

Carlos Augusto Montenegro, 60 anos, presidente do Grupo Ibope

Carlos Augusto Montenegro, 60 anos, presidente do Grupo Ibope

A TV reinou soberana nos anos 70 e 80. Na década de 90, assistimos ao início de uma revolução. Primeiro, com a chegada da TV paga em 1991, e, em seguida, da internet. No início ambas eram privilégio de poucos, mas foram se popularizando e hoje estão presentes em grande parte do país. Com a adesão a smartphones e tablets, a internet já pode ser acessada de todos os locais, o que tem mudado os hábitos dos brasileiros. O conteúdo televisivo, que influenciava a interação social à mesa de jantar, passou a ser discutido também nas redes sociais. Para essa geração multiconectada, acessar a internet enquanto assiste à televisão é um hábito frequente que vem se intensificando. O estudo “Social TV”, do Ibope Media, mostra que, nas principais metrópoles brasileiras, pelo menos 6 milhões de pessoas realizam as duas atividades simultaneamente – número quase duas vezes maior do que os 8,7 milhões registrados na versão anterior da pesquisa, divulgada em 2012. Novas formas de consumo ganham espaço. Pelo menos 5% da população afirma ter assistido à TV pela internet nos últimos 30 dias. Ver os seus programas preferidos em horários diferentes dos que foram exibidos é uma realidade para 4% da população brasileira. Destes, mais de 70% gravam pelo aparelho de TV por assinatura, enquanto 13% usam o próprio televisor e 12% utilizam o gravador acoplado ao televisor. Quem imaginaria, há 20 anos, esse cenário? Assistir à TV pelo celular era coisa de filme de ficção científica, mas agora esse tipo de recepção está se expandindo na América Latina. No Brasil, 12% dos portadores de celular afirmam ter essa ferramenta e 42% deles efetivamente a utilizam. Simultaneidade e convergência são as palavras-chave nesse novo contexto midiático.


Série própria

Viniciu Losacco, 39 anos, vice-presidente de marketing da Netflix para a América Latina

Viniciu Losacco, 39 anos, vice-presidente de marketing da Netflix para a América Latina

As empresas de televisão terão que se adaptar, abraçar novas mídias e arriscar. A TV americana mudou muito nos últimos anos a partir do momento em que a Netflix entrou no mercado com a estratégia de criar sua própria série – House of Cards – e disponibilizar todos os capítulos de uma só vez para o espectador ver quando e como ele quiser. Houve uma demanda maior por conteúdo de qualidade. Acho que vai continuar existindo espaço para todo mundo crescer: TV aberta, por assinatura e internet. 


TV é passado

Rafucko, 28 anos, ativista e dono de um canal no YouTube

Rafucko, 28 anos, ativista e dono de um canal no YouTube

A TV vai perder o posto central que ocupa na sala e nas famílias. Por que ser refém de uma programação estática quando se pode ter qualquer conteúdo a qualquer momento – e sem intervalos comerciais? Durante a Copa de 2010, uma campanha foi iniciada no Twitter: CALA BOCA GALVÃO. Foi o assunto mais comentado na rede por dez dias, em escala mundial. Até que o próprio Galvão Bueno foi obrigado a comentar – de forma torta, agradecendo o “carinho dos fãs” – a campanha de pessoas que não suportavam mais a sua voz. Foi um dos primeiros episódios em que a “segunda tela” pautou tão claramente a primeira, no Brasil. Pra mim, a TV já está no passado. E, no presente, se eu mandar ela calar a boca, até consigo. 


TV na nuvem

Eugênio Bucci, 55 anos, é professor de jornalismo da ECA-USP e autor do livro Brasil em tempos de TV (ed. Boitempo)

Eugênio Bucci, 55 anos, é professor de jornalismo da ECA-USP e autor do livro Brasil em tempos de TV (ed. Boitempo)

Para onde vai a TV? Melhor entender antes de onde ela veio. A TV nasceu para mostrar a imagem em movimento e ao vivo. A tecnologia não inventou a TV, apenas a viabilizou. O advento das ondas eletromagnéticas para a transmissão ao vivo de cenas móveis instaurou a “instância da imagem ao vivo”, dentro da qual a humanidade caminha até hoje. Não, a internet não revogou a “instância da imagem ao vivo”, apenas deu a ela nova potência. Internet é TV expandida. Nós vemos vídeos na web. Vemos filmes no celular, filmes interativos (ditos games), clipes no relógio de pulso. Fazemos striptease por Skype. Para onde vai a TV, então? Ora, ela vai para a nuvem. Para o ciberespaço, para a parede da cozinha, para o painel do carro novo. Ainda estará por aí por mais um tempo, como bom capítulo que é da revolução iniciada por Gutenberg, e que ainda está tão longe de chegar ao seu epílogo. Para onde quer que você vá, a TV já estará lá. Ou você acredita que existe meditação além da imagem eletrônica?

 

Ponto de encontro

Fernando Magalhães, 47 anos, diretor de programação da NET

Fernando Magalhães, 47 anos, diretor de programação da NET

A TV não vai, ela fica. E cresce e se consolida como ponto de encontro da família para ver filmes, novelas e esportes em altíssima definição. E os tablets? E os celulares? Esses vão servir para matar a saudade da TV quando estivermos longe da sala ou quando quisermos ficar sozinhos ou distantes.

 

Conteúdo que migra

Daniel Conti, 41 anos, CEO da Vice Brasil

Daniel Conti, 41 anos, CEO da Vice Brasil

A TV segue na sala, no quarto, em locais públicos. E nas lojas de eletroeletrônicos, com a demanda e cada vez mais opções de devices e diferenciais. Soma-se a isso um comportamento sedimentado nas classes mais baixas e regiões não metropolitanas, que dará à TV aberta uma longa vida ainda. Já o conteúdo, esse vai para onde estivermos. Por mais que no passado a indústria da mídia tenha sinalizado certo receio quanto ao conteúdo nos smartphones, é aí que ele seguirá majoritariamente reinando. Computadores, tablets e novas formas de hardwares serão as outras opções de palco para o nosso ator, o conteúdo. E o conteúdo seguirá rompendo a linearidade das grades de programação, embora essa postura passiva de assistir também se mantenha, como um dos momentos de relax do indivíduo bombardeado por dados.

 

De graça

Phillipe Carrasco, 35 anos, gerente de conteúdo multiplataforma do SBT

Phillipe Carrasco, 35 anos, gerente de conteúdo multiplataforma do SBT

A televisão aberta nunca esteve tão forte, com mais de 98% de penetração nos domicílios brasileiros. Se fosse inventada hoje, seria a coisa mais genial, porque é conteúdo diverso e de graça. As pessoas assistem à TV porque querem saber o que acontece em tempo real. No futuro deve haver um crescimento muito grande do jornalismo, do entretenimento ao vivo e dos eventos ao vivo. Também haverá um crescimento grande da dramaturgia e do mesmo conteúdo empacotado de diferentes formas. Chiquititas, do SBT, por exemplo, é vista várias vezes. A mesma criança vê no ar, porque não quer perder o capítulo, e no dia seguinte assiste de novo na internet. A TV aberta tem força porque sabe produzir conteúdo. É impossível comparar sua qualidade com a do que é feito por um YouTuber. Outra vantagem é ter conteúdo em português. No Brasil são poucos os que conseguem entender um programa em inglês, e a maioria não gosta de legendas. 

 

Colaborativa e conectada

Rafael Vilela, 25 anos, fotógrafo e editor da Mídia Ninja

Rafael Vilela, 25 anos, fotógrafo e editor da Mídia Ninja

A TV precisa chegar ao século 21 sendo colaborativa, em rede e conectada com as questões de nosso tempo. A Mídia Ninja passou por um processo de aprofundamento de suas pautas e de busca por narrativas mais complexas. É uma reação que nos leva às origens de nosso trabalho, à PÓSTV, nossa webtelevisão criada na rede Fora do Eixo, que transmitiu ao vivo e de forma pioneira a Marcha da Liberdade em São Paulo em 2011. A rede se distribuiu por todo o território nacional, dando visibilidade a temas fora do circuito tradicional. É a baixa resolução e a alta fidelidade, a TV feita na base da gambiarra, desmonetarizada, mas que fala para muita gente. Nossos desafios agora são qualificar a grade de programação e completar o ciclo de 24 horas on-line, com documentários, programas de entrevistas, inserções de rua e outros formatos.

 

Muito bem, obrigado

 

Zico Goés, 50 anos, diretor de conteúdo da FOX International Channels Brasil

Zico Goés, 50 anos, diretor de conteúdo da FOX International Channels Brasil

Sempre que me perguntam sobre o futuro da TV parece que a premissa é: a TV está acabando, né? As novas mídias estão fazendo o “sertão virar mar e o mar virar sertão”. Pois respondo: a TV vai muito bem, obrigado. Contar histórias, emocionar pessoas e engajar gerações ainda é papel dos criadores de conteúdo. Ou seja, de quem faz TV. A FOX entende as mudanças de hábitos de consumo e desenvolveu o FOX Play, uma plataforma on-line com o que oferecemos em nossas transmissões televisivas. Damos a opção aos nossos telespectadores de consumir o conteúdo do canal quando, onde e como quiserem. Mas, essencialmente, muda pouco o relacionamento. O consumidor ainda quer se emocionar e se engajar com produtos relevantes e de qualidade – e isso é o que a TV deve continuar fazendo por muito tempo.

 

Arte monitorada

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Divulgação

Televisão e arte nunca estiveram tão próximas como nas mãos do sul-coreano Nam June Paik (1932-2006), talvez o responsável pela criação da videoarte, em que a tela do artista é um televisor. Especialista em arte eletrônica, suas obras demonstram as possibilidades da tecnologia e da produção da imagem em movimento sob uma perspectiva libertadora – geralmente são instalações e ambientes em que aparelhos de TV dominam a estrutura. Ele emergiu para o universo pop da arte a partir de uma exposição em Nova York em 1971 que ficou conhecida como TV Cello, em que ele chamou a violoncelista Charlotte Moorman para uma apresentação em que ela usasse um violoncelo formado por televisores: assim que ela tocou a primeira nota, as imagens de outros violoncelistas tocando surgiram nas telas. Outras obras de Nam June Paik ilustram as colunas desta edição de Trip.

Vai lá: paikstudios.com


Xuxa às traças

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Bárbara Corrêa

O pórtico cor-de-rosa marca o início da avenida Rio Grande do Sul, que liga o centro da cidade de Santa Rosa, no interior do estado gaúcho, ao bairro Planalto. A via já foi decorada com motivos temáticos e, muitas vezes, invadida por crianças à procura daquela que conhecemos como “Rainha dos Baixinhos”.

Santa Rosa é a cidade natal da atriz, empresária, ex-apresentadora e modelo Xuxa Meneghel. Na antiga residência, onde morou até os 7 anos, hoje existe um memorial em sua homenagem. A casa, uma construção antiga, com mais de seis cômodos (castigados pelo tempo), abriga três figurinos cedidos pela produção da apresentadora e alguns objetos doados por pessoas da cidade, como um bercinho – onde, segundo Anete Krebs, responsável pelo Museu Municipal, “Xuxa repousava quando criança”.

Doze anos após ter sido inaugurada como memorial, a casa está às traças. O sentimento dos fãs ao visitarem esse pujante cartão-postal santa-rosense é de decepção. A má conservação do pórtico é o primeiro indício do que está por vir: basta um passeio rápido pela parte externa da casa para se deparar com infiltrações e paredes descascadas. Ao entrar no prédio, os figurinos cedidos pela produção de Xuxa, datados dos anos 2000, nos transportam para uma espécie de pesadelo infantil, em que uma nave desceria, em meio à bruma de gelo seco, para nos levar.

Bárbara Corrêa

Manequins sem cabeleira platinada: um retrato do Memorial

Manequins sem cabeleira platinada: um retrato do Memorial

A casa é mantida com recursos municipais, e Xuxa dá de ombros (daria de ombreiras em seus áureos tempos de Xou da Xuxa): em 2002, a Xuxa Produções assinou um contrato com a prefeitura delimitando o uso de sua imagem e isentando a apresentadora do compromisso quanto à manutenção do memorial. Quando perguntado sobre o estado das dependências do lugar, o secretário de Turismo, Vitor de Abreu, afirma: “A cidade está em dívida com a Xuxa. Estamos criando mecanismos para cuidar da reforma. Não há abandono da obra nem desistência, mas novos implementos”.

“Tem gente que acha que a Xuxa precisa resolver os problemas, mas a responsabilidade é nossa”, diz Anderson Farias, secretário de Cultura de Santa Rosa. Xuxa visitou o memorial pela última vez em 2002 e hoje cobra cachê para voltar a sua cidade de origem.

Alcides Vicini, atual prefeito, conta que até 2001 não havia nada referente à apresentadora na cidade. O projeto da Secretaria de Cultura e Turismo para a construção de um memorial teve a finalidade de atrair a atenção de Xuxa e “reconquistar seu carinho”.

O estado do memorial desagrada parte da população, que espera atenção à casa, antes que o pouco que ali se encontra transforme-se numa distante memória, perdida numa manhã televisiva dos anos 80.

Noite transformadora

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Alexandre Bigliazzi

Disarm no palco

A oitava edição do prêmio Trip Transformadores, reuniu nesta quarta-feira, 5 de novembro, no Auditório do Ibirapuera (recém batizado de Auditório Oscar Niemeyer) pessoas que que atenderam uma espécie de chamado para construir um mundo mais justo. Fernanda Keller, Dira Paes, Alessandra Orofinio e Miguel Lago, Claudio Sassaki, Irene Adams, Augustin Woeltz, Maria Berenice Dias, Erica de Paula, Julio Cesar da Silva Lima, Marcelo Rocha, mais conhecido como Dj Bola, pessoas de diferentes idades, profissões e classes sociais, mas uma coisa, os homenageados desta edição têm em comum: estão determinadas a transformar a realidade a sua volta.

O movimento Trip Transfomadores já havia começado, quando o mediador de conflitos Willian Ury veio a São Paulo explicar a importância de saber ouvir.  Em Nova York, o Trip Transformadores colocou o highline de Nova York para dançar forró com o documentário de Dominguinhos e show da Mariana Aydar, e também, já havia também homenageado os 70 anos de Chico Buarque.

Novamente, quem comandou a cerimônia foi o ator Lee Taylor. No discurso que deu início à noite, Paulo Lima, publisher da Trip Editora, fez questão de salientar que “este é um prêmio para aqueles que acreditam que as coisas só estarão boas quando estiverem boas para todos”.

E como toda boa festa, a nossa também começou com música, não qualquer música, mas aquela tem na transformação sua maior fonte: O artista visual  mexicano Pedro Reyes conseguiu 6.000 armas apreendidas dos narcotraficantes do México e, num trabalho minucioso, construiu instrumentos musicais a partir desse arsenal. Assim nasceu o Disarm, uma poética banda robotizada, que extrai sons e harmonias do mesmo metal que um dia foi usado para o crime. O Trip Transformadores convidou um músico genial brasileiro, vítima de uma arma como essa, para se unir ao  Disarm: Marcelo Yuka. Música, apesar de tudo.

O primeiro homenageado da noite foi Augustin Woeltz. Ao ser demitido, o engenheiro eletricista, viu a sua frente a oportunidade de poder se dedicar a um sonho: instalar um aquecedor solar em cada lar brasileiro. O objetivo ainda não se cumpriu, mas a ONG Sociedade do Sol desenvolveu um modelo simples e barato e hoje mais de 100 mil casas já tem seus banhos aquecidos pela criação de Woltz. “Tudo isso é fruto de muito amor no coração, ainda mais para quem trabalha sem receber nada, tem que ter amor dobrado”, declarou ao receber o prêmio das mãos de Artur Grynbaum, presidente do Grupo O Boticário, parceiros do Trip Transformadores desde 2008.

Na sequencia, sobem ao palco o casal Tadeu Jungle e Estela Renner. O diretor e roteirista de cinema, televisão e publicidade foi o responsável pelos filmes dedicados a cada homenageado, exibidos durante a premiação. Já a cineasta Estela Renner é diretora do filme “Muito além do peso”, filme que colocou a obesidade infantil em pauta. O casal apresentou então, a segunda homenageada da noite, uma mulher que gosta de romper barreiras. Maria Berenice Dias mudou a história do casamento no Brasil ao assinar, em 2000, a primeira sentença reconhecendo a união homoafetiva, termo cunhado por ela. “Sempre que alguém me dizia não, eu insistia em dizer sim e essa postura foi a que me levou a ser a primeira mulher a lutar pelos direitos da população LGBT. Nosso legislativo é muito preconceituoso”, diz.

Sua decisão obrigou os brasileiros a reconhecer a enorme diversidade de relações existentes fora do papel. Defensora dos direitos das mulheres, seu nome está ligado à elaboração da Lei Maria da Penha, aos projetos de direito de divórcio, de paternidade presumida e do Estatuto das Famílias. Ao aposentar-se, fechou o gabinete de desembargadora para abrir outra porta inédita: o primeiro escritório de direito homoafetivo do Brasil, que defende gente que quer ver atendidos os direitos dos homossexuais. 

A terceira homenageada é uma mulher de olhar sensível. Erica de Paula é psicóloga, doula, educadora perinatal, acupunturista de gestantes e bebês e coordenadora de grupos de apoio a gestantes em Brasília, ela concebeu, produziu e escreveu o documentário O renascimento do parto. Lançado em 2013, o longa-metragem gerou um debate nacional ao mostrar a triste realidade das maternidades no Brasil, o único país no mundo em que as cirurgias cesarianas respondem pela maioria dos nascimentos de crianças. Para Erica, a cesariana desempodera a mulher ao tirar da mãe a chance de fazer a única coisa que só ela pode fazer. O prêmio foi entregue por David Feffer, presidente do Grupo Suzano, incentivador e parceiro do Prêmio Trip Transformadores desde 2008. “Pra mudar o mundo, primeiro precisar a forma de nascer”, citou a homenageada. Outra pausa para a música, desta ao som da banda carioca Baleia.

Lee Taylor voltou ao palco, e convidou Eduardo Tracanella, superintendente de marketing do Itaú, parceiro do Trip Transformadores desde 2011, para apresentar a próxima homenageada: Irene Adams. Na década de 80, precupada com a disseminação do então recém descoberto vírus HIV, criou com recursos próprios e doações um serviço de informação e prevenção da doença entre os meninos de rua de Belo Horizonte. O que começou como uma pequena clínica no porão de uma igreja foi aos poucos se desenvolvendo e abrigando outros serviços sociais. “A pessoa que tem AIDS e sabe que pode morrer sofre de culpa e vergonha. Uma vez que conheci essas crianças e percebi a humanidade delas, eu mudei. Esse projeto é significado de amor e deu significado à minha vida”, confessa Irene. Hoje, viúva e avó, a médica contabiliza mais de 2.500 afilhados: meninos e meninas de famílias desestruturadas, que ela e sua equipe ajudaram de alguma forma. O significado da sigla que dá nome à clínica, Ammor, mudou ao longo do tempo: o que antes era Atendimento Médico aos Meninos de Rua virou Ação Multiprofissional com Meninos em Risco.

Nossa próxima homenageada, a atriz Dira Paes, não pode contem a emoção e veio às lágrimas assim que recebeu o prêmio das mãos de Monja Coen (homenageada na edição de 2008). A estrela de TV é também uma ativista atuante à frente da ONG Movimento Humanos Direitos, criada por artistas na defesa de causas socio-ambientais, com ênfase no combate ao trabalho escravo, à exploração sexual infantil e pela demarcação de terras indígenas e quilombolas. Como diretora do Humanos Direitos, esteve à frente de uma campanha para coletar 100 mil assinaturas como forma de pressão pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional do Trabalho Escravo, que entre outras demandas exigia o confisco da terras cujos proprietários fossem flagrados submetendo seus trabalhadores em práticas análogas ao trabalho escravo. “Os conflitos foram ficando cada vez mais intensos desde a década de 90 e o que vai dando terror na gente é a impunidade. Se a impunidade existe onde está tudo perto, na cidade, com imprensa… Imagina no lugar que demora 25 horas pra chegar de barco?”, desabafou Dira.

Para apresentar o prêmio seguinte, Negra Li na companhia de Marcello Serpa, sócio co-presidente do board da Almap BBDO, que incentiva o Trip Transformadores prêmio desde o início, há oito anos. Negra Li, preferiu apresentar o próximo homenageado cantando, Marcelo Rocha, o Dj Bola, foi um dos protagonistas do movimento que tirou o Jardim Ângela da lista de lugares mais violentos do mundo, triste posição que o bairro ocupou ao longo dos anos 90. Ainda em 2000, criou a Banca, uma produtora musical, cultural e social com o objetivo de ocupar o espaço público abandonado pelo governo e pela população. Criando alternativas para a juventude do bairro, deu pra molecada opções além do tráfico. Bola e seus parceiros já promoveram mais de 70 eventos e ajudou a lançar dezenas de músicos que, na época, não dispunham de canais para a livre expressão. E claro, um DJ não poderia subir num palco sem mostrar os dotes musicais, Bola se apresentou então com o MC Kapoth, esquentando a plateia para o show seguinte, da eterna diva Elza Soares, que cantou acapella A Noite do Meu Bem, de Dolores Duran.

De volta às homenagens, a apresentadora de TV Titi Müller e  Marcelo Olival, gerente executivo de vendas e marketing da Volkswagen, chamam ao púlpito Claudio Sassaki, fundador da  Geekie, empresa de tecnologia que desenvolve aplicativos para ajudar escolas e professores a customizar o ensino de acordo com as necessidades de cada aluno. Em 2013, a empresa emplacou seu primeiro grande sucesso: uma plataforma preparatória para o Enem que foi usada por 2 milhões de alunos no país, gratuitamente. “Ajudar as pessoas a descobrirem o potencial que elas tinham foi transformador pra mim”, contou Sassaki. Hoje, a cada contrato firmado com uma escola privada, a empresa se compromete a oferecer o serviço de graça para uma escola pública.

Na sequencia, Vasco Manoel Feijó Luce, presidente da divisão de Bebidas da Pepsico América Latina-Sul, empresa parceira do prêmio através da marca Kero-Coco o surfista de ondas gigantes Carlos Burle, apresentaram a homenageada seguinte, a superatleta Fernanda Keller. Cinco vezes campeã da maior prova de triatlo do Brasil, a triatleta sempre procurou ajuda para poder dar o melhor de si nas pistas e raias, e por isso criou o Instituto Fernanda Keller que já ajudou mais de 6 mil crianças e jovens de baixa renda da rede pública de ensino, com idades entre 7 e 18 anos, a construir cidadania a partir da prática esportiva. “Se confunde ação social com caridade. Quero inspirar outras pessoas a acreditarem no sonho delas, a minha ferramenta é o esporte”, declarou Fernanda.  As atividades do instituto vão desde aulas de esporte, como triatlo, vôlei e tênis, até cursos de desenho e programas de saúde e nutrição de crianças, passando por biblioteca móvel e bolsas universitárias.

Alexandre Bigliazzi

Elza Soares

Elza Soares

Pausa para a música. Elza Soares volta ao palco, agora acompanhada pela banda Baleia, para uma genial versão de Noite de Temporal de Dorival Caymmi. Tudo perfeito para o próximo homenageado, ou melhor, a dupla de homenagedos Alessandra Orofinio e Miguel Lago, criadores da plataforma Meu Rio. Ele, cientista político; ela, economista, a ideia é simples aproximar os cariocas de seus governantes. Resultado: mais de 100 mil cariocas já se engajaram em ações propostas, que não se limitam ao município. Cidadãos mobilizados já conseguiram impedir cobranças indevidas por concessionárias de serviços públicos, evitaram o fechamento de escolas e botaram deputados estaduais para trabalhar. “Se as Jornadas de Junho ensinaram alguma coisa é que não falta vontade de participar, mas canais para participar da mudança”, ponderou Miguel, ao recebe o prêmio de Paulo Kakinoff, presidente da Gol Linhas Aéreas Inteligentes, apoiadora do prêmio desde a primeira edição em 2007.

E, por fim, o décimo homenageado, Julio Cesar da Silva Lima, um apaixonado por moda desde criança, que soube enxergar a beleza das comunidades do Rio de Janeiro. No Jacarezinho, onde mora, de repente havia um mundo fashion: viu modelos entre as meninas da vizinhança, estilistas entre as costureiras, cabeleireiras nos salões de beleza. Juntou tudo e criou o projeto O jacaré também é moda, que há mais de uma década promove desfiles anuais para revelar a beleza das meninas da comunidade. Julio recebeu o troféu das mãos do criador da própria estatueta, o designer e arquiteto, Carlos Motta, membro do conselho editorial da Trip.

Pra fechar a noite em grande estilo, a dupla Cidinho e Doca, autores de uma das músicas mais transfomadoras da história da MPB, o Rap da da Felicidade. Acompanhados pelos dançarinos do Bonde do Passinho, ao som do refrão “Eu só quero é ser feliz”, subia o fundo do palco do auditório, revelando revelando o parque do Ibirapuera vazio e o céu. Até 2015!

Trip #238: nas bancas!

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As duas capas da Trip #238, que chega às bancas nesta semana.

Com o fim das eleições mais exaltadas da nossa história, a edição de novembro da Trip tenta investigar como a raiva e a intolerância tomaram conta dos debates nos últimos meses (e por que afinal escutar o outro parece tarefa cada vez mais inglória). E mais: conversamos com os especialistas em mediação de conflitos Marcelo Freixo, William Ury e José Junior; e desvendamos por que Gabriel Medina está prestes a se sagrar o maior brasileiro da história do surf profissional.

Nas Páginas Negras do mês, Romário solta o verbo. Aos 48 anos e recém-eleito o senador mais bem votado da história do Rio, o ex-jogador fala sobre racismo, Neymar, Dunga, crack, CBF, política, entre outros assuntos. Abaixo, um pequeno aperitivo do papo com o repórter Plínio Fraga:

Trip_Você sempre foi próximo ao Dunga, técnico da seleção, quando era jogador. Você troca ideias com ele? 

Romário_ Ele sabe o que penso. Primeiro de tudo: não era hora de ele voltar ao comando da seleção. Já que voltou, boa sorte, espero que faça um bom trabalho. A CBF é tão atrasada que colocou o Gilmar Rinaldi para ser coordenador de seleções. Não tem a mínima condição de assumir nada. Nem em clube, imagina na CBF. Infelizmente a seleção vai se transformar num banco de negócios. Espero que não, mas é o que vai acontecer. Espero que o Dunga não se meta nisso.

Neymar vai superar Romário? 

Vai. Em relação a gols na seleção, vai. [Neymar tem 40 gols pela seleção, sendo o quinto maior artilheiro. Romário, com 55 gols, é o terceiro, atrás de Ronaldo (62) e Pelé (77).] Mas Romário é insuperável. Vai fazer mais gols, só. Talvez chegue aos mil gols. Mas ser igual a Romário ninguém vai ser, não [risos]. Ele tem tudo para ser maior do que Messi. Messi já está na história de alguma forma. Neymar pode entrar para a história de forma mais completa. Messi talvez nem tenha mais uma Copa para disputar e vencer.

Neymar tem mais três ou quatro para disputar.

A política é arte mais difícil do que o futebol porque dá menos alegria? Este governo do PT não tem dado muita alegria. Todo mundo enriquecendo ilicitamente, prisão que o cara entra hoje e sai amanhã. Nossos velhos sofrem pra caramba com aposentadorias diminuídas pelo fator previdenciário. Os deficientes que recebem o Benefício de Prestação Continuada do governo ganham um terço do salário mínimo. Se roubarem menos na política, meterem menos a mão e elaborarem uma política pública mais direcionada, pode-se melhorar, dar mais alegria ao povo.

De tesoura e cola na mão

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Divulgação

O americano Jesse Treece começou a fazer colagens em 2009 e é hoje nome importante de uma cena de arte que usa a técnica como forma principal de expressão. “Amo que o processo é muito tátil, que envolve cortar e organizar com as minhas mãos”, afirma Treece. A mistura de imagens comuns e absurdas do seu trabalho começa com a busca em páginas de livros e revistas. “Às vezes é um fundo interessante ou uma combinação de cores, é isso que começa o processo de tentar criar algo que me excite visualmente”, diz. Sobre a intenção das obras, Treece afirma que “apenas no subconsciente” sabe das coisas que está comunicando. “Colagem é muito intuitivo e às vezes só percebo depois sobre o que algo é.” As colagens de Treece ilustram a seção de colunas desta edição.

Vai lá collageartbyjesse.tumblr.com

Caetano Veloso x Lobão

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Bob Wolfenson/Acervo Trip

Divisões e brigas entre a classe artística brasileira (como agora) não são novidade, com diretas e indiretas, farpas e xingamentos. Em julho de 2001, Trip tentou resolver uma dessas colocando as partes — Caetano Veloso e Lobão — para conversar e se ouvir, do melhor jeito possível: ao vivo. O século apenas começava e apesar das diferenças todas a tarde quente em uma suíte do Copacana Palace terminou em certa paz, com os dois se ouvindo. A conversa, entretanto, não durou. Caetano segue um alvo preferido entre as críticas mil de Lobão. Ainda assim, no disco Zii e Zie, de 2009, o baiano gravou uma canção com o título “Lobão tem razão”.

Vai lá: http://ow.ly/FyB5f

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