“Bom dia, minhas pombas-rolas!”, era como Sineide Pereira saudava as senhoras que subiam – algumas com certa dificuldade – no ônibus que partiria da zona leste de São Paulo para o SBT. “Mas você tá a cara da riqueza, meu bem”, acrescentou a uma delas, para em seguida dar-lhe um tapinha no derrière. “Sua safada!” Desde 1999, a pernambucana arretada, de 50 anos, é encarregada de selecionar e levar as pessoas que compõem o auditório de A praça é nossa. Ao lado do Zorra total, da Rede Globo, que não permitiu a entrada da Trip em seus estúdios, ele é o único programa da TV brasileira que ainda utiliza uma claque de verdade, isto é: as risadas e os aplausos que você escuta na transmissão foram gravadas ao vivo, não são uma trilha pré-gravada incluída na edição. “Nos outros programas você percebe na hora que as gargalhadas são sempre as mesmas, artificiais. Acho ridículo”, critica a expert. São em média 40 pessoas (30 mulheres e 10 homens) em sua caravana. “O SBT não deixa eu levar menos de 37. Se alguém falta ou fica doente, dou um jeito de substituir na hora. Em 14 anos, nunca deixei de cumprir minha missão”, gaba-se. As mais desinibidas, de riso fácil, são convocadas toda semana. Com as “mais apagadinhas”, ela faz um rodízio. “Tenho mais de 500 pessoas cadastradas. Falo para todo mundo espalhar meu telefone. Sou garota de programa”, brinca. O difícil é agradar todo mundo. “Teve uma mulher que me esperou fora do ônibus com uma faca, porque eu disse que não ia poder levar ela. Desci e falei: ‘Vem cortar o meu bucho que eu quero ver!?’ Mas essas pessoas não me atingem, são apenas pedras que eu tiro do caminho.” Jordi Burch A pernambucana Sineide Pereira, que desde 1999 seleciona pessoas para o auditório de A Praça É Nossa As idades flutuam entre 18 e 87 anos. Senhoras são maioria; senhores eram coisa rara, mas são cada vez mais frequentes. “Teve um que me deu um problemão: engasgou com a dentadura, acredita?!”. Teresinha Augusto, 74 anos, é a integrante mais animada da trupe, e também uma das mais antigas: segue Sineide neste e em outros programas desde que ela virou caravaneira. “Vim parar aqui porque minha risada é famosa. Meu pai até batia na minha boca de tanto que eu gostava de rir”, rememora, arrematando, claro, com uma gargalhada, aguda como a de uma criança. Quando vê o fotógrafo que acompanhou a reportagem, puxa palmas e entoa Michel Teló: “Delícia, delícia, assim você me mata”. Sentada ao seu lado está Amely Costa, 78 anos, também proprietária de uma senhora risada. “Não deixam nem a gente sentar perto na gravação”, lamenta. Fã dos quadros de Paulinho Gogó e da Turma do Rapadura, ela conta que, se for preciso, desmarca até o médico para contribuir com a claque. “Rir, para mim, é o melhor remédio. Eu vivia depressiva em casa, sozinha. A Sineide mudou minha vida”, revela. “E ainda ganhamos um dinheirinho bom. Pago a conta de água e faço a feira com ele.” Amely, Teresinha e demais membros da “família”, como Sineide gosta de chamar, recebem R$ 20 por dia da emissora, além de dois lanches (um na entrada, outro na saída) com refrigerante, sanduíche e bombom. “Parece pouco, mas tem muita gente aqui que passa a semana com esse dinheiro. Às vezes, trago três pessoas da mesma família para ajudar. Uns usam para carregar o bilhete único e ir atrás de emprego, outros vão direto para o supermercado”, diz. “Eu não como mais salsicha, né?! Mas eles vão lá e compram salsicha, arroz, feijão...” Sineide era dona de salão de beleza até “ganhar” uma caravana de um cliente que trabalhava no ramo, quando ela disse que não tinha dinheiro para fazer os óculos de uma das três filhas. “Meu marido, que hoje graças a Deus é ex-marido, não queria nem saber.” Não é contratada do SBT, mas recebe R$ 250 por dia de trabalho. As gravações são semanais, geralmente às terças-feiras. Ela realiza ainda caravanas para outros programas, como Domingo maior, CQC e Pânico (“nesse só vai moleque, todos doidos para ver a bunda das panicats”), organiza excursões para cidades históricas e hotéis-fazenda e revende produtos de cama, mesa e banho. Por mês, estima, tira pelo menos R$ 3 mil. “Hoje tenho apartamento próprio, carro e casa de veraneio. E ainda paguei curso para todas as minhas filhas. Disse pra elas: ‘Eu dou um caminho. Você faz dele um infinito.’” Jiló e quiabo O ônibus, cedido pela emissora, sai do Itaim Paulista às 11h30. Depois faz mais duas paradas para buscar outros caravanistas e um pit-stop em um posto de gasolina, próximo ao estúdios do SBT, na Anhanguera. É quando todos sacam suas marmitas da bolsa e forram o estômago para aguentar as quase seis horas de gravação. Querida por todo mundo, Sineide nem precisa levar almoço: ganha de presente um Tupperware “com arroz, mistura, jiló e quiabo”. Na TV, antes do luminoso “On Air” do estúdio 3 acender, Roque, o fiel escudeiro de Silvio Santos há 54 anos, faz as honras da casa. Os donos das melhores risadas (leia-se: nem muito alta, nem muito baixa) são colocados nas filas da frente; os que riem de forma mais exaltada ficam no fundão “Quem inventou esse negócio de claque”, jura, “fui eu”. “Nos tempos da rádio, quando vinha gente desconhecida para cantar, eu arranjava 20 fãs histéricas em um minuto. Ou quando era enterro de gente famosa e sem amigos eu descolava um monte de gente para chorar.” As risadas de hoje não são boas como as de outrora, na sua opinião. Ele tenta explicar: “Eu arranjei um cara que ria assim: ihhhhh hahaha! Parecia um avião decolando. Outro era assim: há! Só isso, bem grave. Hoje todo mundo ri igual. Aliás, vou falar sobre isso com o Carlos Alberto de Nóbrega [apresentador de A praça].” Pouco antes das 15 horas, a caravana de Sineide faz fila indiana para entrar no estúdio. Os outros quarenta assentos serão ocupados por outra caravana, a de dona Isa, que não quis revelar o sobrenome nem posar para fotos. Os donos das melhores risadas (leia-se: nem muito alta, nem muito baixa) são colocados nas filas da frente; os que riem de forma mais exaltada ficam no fundão. Três microfones pendendo do teto registram tudo. Quem faz a mágica acontecer é a assistente de palco Carla Liberal. Com o roteiro nas mãos, já com as piadas marcadas, e de olho no monitor, ela fica em frente à plateia pedindo risadas ou aplausos. É instantâneo: ela levanta um braço e as 80 pessoas (menos uma, que estava adormecida) explodem em gargalhadas; levanta o outro e parece que o volume dobra; abaixa os dois e não se ouve mais nem um pio. “Acho incrível a capacidade que essas velhinhas têm, pois eu mesma não consigo rir se me pedirem. Elas riem mesmo quando não entendem a piada”, diz Carla, que costuma ganhar presentes e doces caseiros das integrantes de sua “orquestra do riso”. Nos intervalos, alguns caravanistas pedem para tirar fotos com os atores. Os poucos rapazes presentes preferem assediar a atriz Fabiana, mulher de Alexandre Frota, provavelmente atraídos pela comissão de frente – e de trás também – artificialmente avantajada da moça. Enquanto isso, Sineide fica na sua. “Quando comecei no ramo, gastava tudo que ganhava em filme de Polaroid. Tirei foto com todo mundo. Hoje em dia não. Sei que os famosos são pessoas normais, que nem eu”, diz. A caravaneira já desfrutou de seus 15 minutos de fama, fazendo pontas na Praça. “Já me chamaram para ser mãe de mafioso, sogra... Já fui sapatão também. Adorei! Fiquei idêntica.”Trip passou um dia com uma turma que é paga para dar risada – e para induzir você a fazer o mesmo. Conheça os integrantes do auditório de A Praça é Nossa, uma das últimas claques de verdade da TV brasileira
Faz-me rir
Trip TV #26
Ana Paula Padrão, uma das mais respeitadas jornalistas do país, conta porque deixou o jornalismo, fala sobre a difícil tarefa de equilibrar vida pessoal e profissional e revela: 'Eu não sou um personagem, sou exatamente o que sou. Quando você fala a verdade, a verdade cola". Dez anos após sua morte o rapper Sabotage ganha documentário sobre sua vida. O Trip TV conversou com o diretor do filme, Ivan Ferreira, com o filho do rapper, o Sabotinha, e como parceiro de caminhada Rappin Hood. De malas prontas para uma temporada no Havaí, a paulistana Nancy Ohara posa para as lentes da Trip. TRIP TV, o programa semanal da Trip, vai ao ar todos os sábados, às 23h, com reprises às terças, às 23h30, e quintas, às 23h45.
Antonio Tabet, o Kibe Loco
Antonio Pedro Tabet, publicitário por formação, blogueiro famoso quase por acaso e agora mais conhecido como “um dos caras do Porta dos Fundos”, o programa de humor que sacramentou a noção de que, sim, a televisão do futuro (ao menos até onde podemos vislumbrá-lo) é a internet, talvez nem tenha se dado conta: ele é prova de que John Cleese estava certo. Cleese, o britânico com meio século de serviços prestados ao humor de alto nível – é um dos fundadores do Monty Python, grupo surgido em 1969 na TV inglesa e reverenciado por gerações de comediantes –, foi quem disse a frase que abre este texto, proferida em uma das inúmeras vezes em que foi consultado sobre “como ser criativo”. Tabet, um carioca de 38 anos que em 1994 entrou no curso de comunicação da UFRJ disposto a se tornar um publicitário de sucesso, desses que vivem em “escritórios branquinhos cheios de pufes” (a definição é dele), entre idas a Cannes e doses de champanhe, descobriu brincando, matando hora no expediente, que o caminho do sucesso estava longe dos leões de metal distribuídos na Riviera Francesa. Estava na internet. No ano de 2002, funcionário frustrado do departamento de marketing do banco Icatu, Tabet passava as tardes enviando piadas e fotomontagens por e-mail aos colegas da empresa. Advertido por “um babaca do departamento de TI” (a definição também é dele) de que as brincadeiras seriam monitoradas pela empresa, achou por bem parar de usar o correio eletrônico da firma e passou a despejar as gracinhas em um blog, que ganhou o mesmo nome da coluna que produzia no jornal da faculdade: Kibe Loco – Kibe por causa de sua ascendência árabe; Loco por ser o portunhol o idioma oficial da extinta coluna. Nascia uma das páginas mais acessadas da internet brasileira. Em 2005, a audiência era tal que o blog virou ocupação principal, remunerada pelo portal Globo.com, que o hospedava. Passados 11 anos, o Kibe segue como fonte de renda, trazida não só pelo hospedeiro, agora o R7, da Record, mas também pelas marcas que o elegem como vitrine para aparecer. Sociedade alternativa Mesmo quem não costuma digitar www.kibeloco.com.br para ver as blagues postadas diariamente por Tabet (e dois ajudantes de texto e arte) certamente já foi atingido por algum dos conteúdos que, para usar o internetês do Brasil, “bombaram” por causa dele. Dois exemplos: o vídeo de 2004 em que William Bonner imita o estilista Clodovil em um intervalo do Jornal Nacional (visto 4 milhões de vezes) e o clipe de “Dança do quadrado”, produção de baixíssimo orçamento lançada em 2008 que se tornou um dos vídeos virais de maior sucesso do país e rendeu a Tabet um prêmio da MTV. Jorge Bispo Antonio Tabet De olho na verve que deu origem a tais sucessos (e a sátiras como a que colocou a senadora Heloísa Helena numa capa da revista Playboy), Luciano Huck o convidou em 2007 para fazer parte da equipe do Caldeirão do Huck. A parceria terminou em janeiro de 2012, quando Tabet, que vinha de um certo desgaste na Globo (onde tentou emplacar, sem sucesso, projetos paralelos ao Caldeirão), decidiu que era hora de zarpar. A mudança o levou ao retumbante sucesso Porta dos Fundos, que desde agosto de 2012 já lançou quase 90 vídeos em um canal do YouTube e contabilizava no fechamento desta edição 2.622.000 espectadores inscritos e mais de 226 milhões de exibições. O projeto começou com um encontro entre Tabet e Ian SBF, então diretor do Casseta & planeta, no início do ano passado. Como ele, Ian também produzia conteúdo de humor na internet, os vídeos do canal Anões em chamas. Entre chopes e petiscos do bar Diagonal, no Leblon, a dupla combinou de produzir episódios de CSI Nova Iguaçu, versão esculhambada de séries sobre investigação policial. A ideia de fazer vídeos de humor para exibir na web atraiu um amigo de Ian, Fabio Porchat, talento da comédia stand-up que também tinha um pé na Globo. Pouco depois, embarcavam no negócio o ator e roteirista Gregório Duvivier e o publicitário João Vicente de Castro, outro egresso da equipe do Caldeirão. Estava formada a sociedade que nasceu alternativa – mas que hoje está por cima da carne-seca. Toda segunda e quinta-feira, quando são colocados novos episódios no ar, os cliques, likes e compartilhamentos on-line só aumentam. Alegria de classe média Assistidos por milhões de pessoas, prestigiados pelos colegas de profissão, assediados por emissoras de TV, os integrantes do Porta dos Fundos somam hoje quase 30 pessoas – os cinco sócios mais atores, editores e técnicos contratados. O grupo também caiu nas graças de diretores de marketing – ao menos os que entenderam que, em tempos de redes sociais, não adianta tentar abafar críticas ou dar respostas evasivas ao público: as marcas devem entrar no jogo com transparência; melhor ainda se for com bom humor. Foi o que fez a rede de restaurantes Spoleto, alvo de um dos primeiros episódios da trupe. O vídeo que mostra uma consumidora sendo maltratada por um atendente da rede levou a marca a contratar o grupo para criar outro vídeo, este em seu favor. O case fez com que outras marcas aderissem à estratégia de rir de si mesmas: o Porta dos Fundos já produziu trabalhos sob encomenda para Bis Lacta, Fiat e Caixa Econômica. Tabet não fala em valores, nem mesmo o custo dessa estrutura. “Primeiro porque correria o risco de dar um número errado”, diz ele. “Segundo porque nos comprometemos a não falar de grana.” Ele recebeu a Trip no escritório do Kibe Loco, no Jardim Botânico, no Rio. Os quadros na parede revelam um pouco da vida do dono – de uma camisa do Flamengo emoldurada a imagens de reportagens que saíram com ele na imprensa. Tabet teme que a decoração dê sobre ele a falsa impressão de “empresário bem-sucedido se vangloriando de seus feitos”. E trata de explicar que a aparente egolatria é só “alegria de classe média”. "Eu era o cara que se apaixonava. Chorei muito por mulher na escola" Fã de Millôr Fernandes, Luis Fernando Verissimo, Tutty Vasques – e, claro, Monty Python, ao qual o Porta dos Fundos é corriqueiramente comparado –, Antonio Tabet não se importa com “a onda politicamente correta” que pareceu ameaçar comediantes ultimamente. Para ele, é bom que humoristas se policiem para que, em vez de cair em piadas agressivas, encontrem algo que faça mais gente rir junto. Uma ideia, aliás, também defendida por John Cleese, para quem o grande poder do riso é justamente o de igualar as pessoas, “destruindo qualquer sistema de divisão social”. Vamos do começo: como é a história da sua família? Seu pai já morreu? Do que ele morreu? Arquivo pessoal Com Totoro, do Porta dos Fundos (2012) Como foi o dia em que ele morreu? E como é a relação com a sua mãe? Onde era a casa de vocês? E onde você estudava? Você namorou muito? Era pegador? Você é mais assediado agora que é famoso? Você é casado? Tem filhos? Você é publicitário, certo? Como foi sua trajetória profissional? Como era o trabalho no banco? Foi lá que você começou o Kibe Loco, né? E você continuou no banco? Por quê? Se você tivesse virado um super-redator de agência, indo pra Cannes e tal, acha que estaria feliz? Você tem amigos publicitários? Mas já dava dinheiro? E dá dinheiro hoje? O Kibe ainda vive muito do que as pessoas mandam? Tem uma parte autoral, mas o forte ainda vem dos leitores. Se abrir meu Google você não vai acreditar, tenho tipo 70 mil e-mails não lidos. Um dia o Gregório [Duvivier] viu minha caixa postal e falou: “Brother, achei que a minha vida era um inferno! A sua é muito pior”. “No banco, era todo dia de gravata, logo cedo, no centro. Eu tava morrendo. Então inventei o Kibe Loco” O Kibe Loco já foi acusado de se apropriar de conteúdos alheios. “Kibar” virou sinônimo de copiar. Mas você responde, entra na briga? Você também faz consultoria de internet pra empresas. Como é isso? Jorge Bispo Antonio Tabet E é possível saber que determinada coisa vai pegar? E dá pra prever o que não vai dar certo de jeito nenhum? O que era trash, pauta de sites como o seu, hoje é notícia normal de grandes veículos. Como você vê isso? Ter notícias bizarras virou estratégia para ganhar audiência. Como você foi parar na Globo? No Caldeirão do Huck você era redator? Vocês dois se conheciam da Globo? Como essa turma se juntou? “mostramos primeiro pra Fox, pra Sony. Então botamos na internet. E agora não queremos outra coisa” Vocês tinham uma ideia de negócio, de como isso ia se bancar? Não tem nenhum investidor de fora? Vocês tentaram vender o projeto para a TV? Tem muita emissora atrás de vocês? A Globo? Como você se sente com a celebridade súbita? Seu rosto agora é conhecido. Antes do Porta dos Fundos, já tinha experimentado ser ator? Quando você se assiste, acha bom? Arquivo Pessoal De Super-Homem, em foto para o jornal da faculdade (1998) Você vê? Você gosta de política? Como se definiria nesse campo? E nas eleições pra presidente, o que você fez? O que você acha da discussão sobre politicamente correto e humor? Mas aí toda piada vira um debate. Não é chato? Coisas como A casa dos autistas (esquete do Comédia MTV) ou a piada com Auschwitz, feita por Danilo Gentilli, deveriam ter sido evitadas? Humorista deve ter freios? Criador do Kibe Loco, um dos sites de humor mais acessados da Internet brasileira, e do Porta dos Fundos, a série de programas on-line que virou mania nacional, Antonio Tabet explica a trajetória de publicitário-que-virou-blogueiro-que-virou-ator e entrega: “Ser reconhecido me envaidece”
Meu avô paterno era libanês, mas não conheço muitos detalhes. E a família por parte de mãe é portuguesa. Meus pais nasceram no Rio e viraram médicos, os dois. Tenho dois irmãos mais novos, um é médico e o outro é advogado, Marco Antonio e Fernando Antonio, que era o nome do meu pai também.
Meu pai morreu quando eu tinha 15 anos e foi a pior coisa que aconteceu na minha vida.
Câncer. Meu pai era um médico respeitado, foi diretor do [Hospital] Pedro Ernesto, diretor da Uerj, já tinha sido convidado pra trabalhar em Secretaria de Saúde. E era um cara forte, corpulento, corria na praia todo dia. Ele teve câncer no cérebro, muito difícil de lidar porque tinha dia que ele estava ótimo e tinha dia que ele estava um vegetal. Então, de uma estrutura familiar toda montadinha – pai, mãe, eu, um irmão dois anos mais novo e outro que tinha acabado de nascer –, entramos num caos. Quando meu irmão fez 1 ano meu pai descobriu a doença. Dois anos depois ele morreu. Durante o tratamento, fiquei muito próximo dele, cheguei a dar banho, um processo doloroso. E quando ele morreu foi uma porrada porque eu tinha certeza de que ele ia ficar vivo.
Ligaram no colégio falando pra eu ir pro hospital. Chegando lá um tio me abraçou tão apertado que até me machucou. Quando vi que ele estava chorando, não precisei perguntar nada. E aí eu chorei, chorei, chorei. Quando fui ver meu pai, abracei, mas tive aquela sensação que descrevem, de que a pessoa não está mais ali. Por muito tempo fiquei mal, virei uma pessoa angustiada. Isso só acabou com um sonho em que meu pai aparecia e dizia: “Cara, não sofre. Você aí sofrendo tá me fazendo sofrer aqui”. Eu estava com uns 20 anos e só então aceitei que tinha que seguir com a vida.
Foi muito boa até a morte do meu pai. Depois, ficou um pouco estremecida. Acho que minha mãe tinha muito medo de viver como a minha avó, que morreu viúva, morando num apartamento com a irmã em Copacabana. Então quando meu pai morreu ela deu uma surtada. Trabalhava muito e manteve nosso padrão de vida, mas nossa relação pessoal se desgastou. Ela casou de novo, depois separou. Hoje é tranquilo, relação normal, de mãe e filho.
Botafogo. Morávamos num prédio do caralho, cheio de criança, play gigante, guerra com o prédio da frente, amigos, futebol, campeonatos de botão. Minhas memórias de infância são as melhores do mundo. Com 11 anos andava de ônibus pra onde quisesse, ia à praia.
No Santo Inácio, até a doença do meu pai. Aí repeti a oitava série e mudei pro Santa Rosa de Lima. Saí de um colégio de padre pra um colégio de freira. Foi a melhor coisa, conheci outros tipos de pessoas, amigos que tenho até hoje.
Nada, eu era o cara que me apaixonava, levava cartãozinho, caixa de bombons. Minha primeira vez foi no meu quarto, na minha casa, com a minha primeira namorada, que era virgem também. E foi espetacular. Enfim, chorei muito por mulher na escola. Depois de velho isso passou.
Não, acho que não. Primeiro que eu não sou um galã, né? Não sou o bonitinho de 26 anos, tenho 38! E até pareço mais velho. A figura da “maria comédia” eu já vi por aí. Tem umas até conhecidas, você chega num lugar e o pessoal já fala: “Olha lá a fulana, querendo descobrir qual o pau mais engraçado do Brasil”. Mas eu não entro nessa. E, como falei, tem muitos outros caras na minha frente. Muito Danilo Gentilli pra elas se interessarem [risos].
Dessa parte da vida pessoal, família, não falo e nunca vou falar. Prefiro ser Antonio Fagundes nessas horas.
Fiz publicidade na UFRJ, uma merda de curso, mas fui até o final. Ainda na faculdade fiz estágio na Rádio Globo, indo pra rua ver cadáver no jornalismo, cobrindo vestiário de Bangu e América em Moça Bonita... De lá fui para uma agência de publicidade pequena, depois consegui estágio na programação do Multishow, maravilhoso, porque me obrigou a assistir a todos os episódios de Trapalhões, I love Lucy, Kids in the hall... esse, aliás, mudou minha vida, virou referência. Depois fui para a programação do GNT. Mas aí recebi o convite para ir trabalhar no marketing de um banco de investimentos, o Icatu, com um salário bem melhor.
A ideia deles era criar uma equipe de marketing jovem pra renovar a linguagem dos produtos do banco – capitalização, seguro etc. Só que não funcionou. A galera era legal, mas é aquela coisa: você faz um trabalho pra renovar a linguagem, vem alguém que manda mais e não quer mudança nenhuma.
O negócio começou a ficar maçante. Eu todo dia de terno e gravata, logo cedo, no centro da cidade... eu tava morrendo. Então inventei o Kibe Loco. Fazia as fotomontagens zoando o time de um, o time de outro. Comecei por e-mail, depois fiz o blog e mandei pra sete caras, que replicaram entre conhecidos. Um dia, um deles me falou que a tia dele adorava o site. Estranhei: “Mas você mandou pra tua tia?”. Ele: “Não, ela viu sozinha”. Só que ela era professora no Espírito Santo. Pensei: fodeu. Achei uma ferramenta de monitoramento de audiência e descobri que o Kibe Loco tinha 12 mil acessos por dia. Passei a me dedicar mais, fingi até que existia uma equipe. Os textos diziam sempre “nós do Kibe Loco”.
Não, acabei saindo do banco e fui pra outra agência, que me permitia continuar tocando o site. Foi ótimo, aprendi coisa, fiz amigos, mas era mercadão de publicidade. E eu não tenho paciência com publicidade.
É frustração, é gente com ego do tamanho do mundo. Eu estudei pra ser publicitário, pra estar numa agência branquinha, bonitinha, com pufes coloridos e Macintoshs e prêmios em Cannes. Eu queria isso! Mas depois que passei por rádio, agência e caí num departamento de marketing... puta que pariu, que merda.
Eu ia odiar! O-di-ar. Na faculdade meu sonho era esse, mas eu não conhecia, eu tava vendo de longe. Tem uma piada ótima: sabe por que publicitário não tem campainha em casa? Pro cara chegar e bater palma! É exatamente isso. O tempo todo, um querendo mais que o outro, um lambendo a caceta do outro, ou a própria caceta... não dá, puta saco.
Vários, e falo o tempo todo disso com eles. Eles mesmos se sacaneiam também. Enfim, a minha carreira estava sendo um fracasso. Mas o legal é que desse fracasso eu consegui quase sem querer inventar o que me tirou de lá. Acabei largando tudo pra viver só do Kibe Loco.
Eu tinha recebido umas propostas de ir pra portal, tipo UOL, iG, BRTurbo. Em 2005 as propostas para hospedar o site eram na faixa de R$ 3.500 por mês. Dava pra eu viver. Depois passei a ganhar mais, é minha fonte de renda até hoje. Ganho para estar hospedado e com publicidade. Nada que vá me deixar milionário, mas permite manter um padrão de vida.
Isso é coisa de hater da internet. O cara fala mal porque ele queria ser você. A internet projetou muita gente que é editor de si mesmo. Você faz um Twitter, um blog e aí rola uma egotrip louca. O Twitter foi letal. A pessoa ganha 5 mil seguidores e acha que realmente está com um microfone falando para 5 mil pessoas. E não é nada disso. Sobre autoria, é assim: o cara põe um vídeo no YouTube; outro vê e joga num blog. E aí? Ninguém mais pode publicar? Você acha que porque publicou o vídeo de alguém ele é seu? Ah, vai tomar no cu, né?
Não, porque é tudo o que esses caras querem. Se cem caras estão falando mal de mim na internet, quantos estão falando bem? Sério, eu não dou atenção. O Twitter é a caixa de gordura da humanidade, o chorume. Ainda bem que está perdendo força. Você vê na audiência, está caindo vertiginosamente.
Há uns seis, sete anos começaram a aparecer muitas agências de marketing digital, viral, essas coisas. Só que é um mercado muito mais oportunista do que especialista. O que acontecia: uma empresa contratava uma agência de publicidade padrão, essa agência contratava uma agência de mídia digital e essa mídia me ligava. Pra pôr conteúdo no Kibe Loco, ou querendo dica pra fazer uma nova “Dança do quadrado”, ou saber se tal coisa tinha cara de viral...
Não dá pra prever 100%, mas tem artimanhas que podem alavancar um conteúdo. Negociar com uma fanpage gigantesca pra que publiquem teu vídeo, negociar com um tuiteiro ou outro, um blog ou outro, isso dá um gás. Mas se ele vai virar um “Para nossa alegria” você não consegue prever. O que dá pra falar é “com isso aqui você bate a tua meta” – tipo chegar em 100 mil acessos, que o cliente já vai amar. Isso não é tão complicado.
Dá, e normalmente você vê culpa do profissional de marketing na parada: o cara que, não satisfeito em ter a caneca com a marca dele aparecendo no vídeo, quer que o cara fale [pega uma caneca na mesa]: “Nossa, mas que vontade de tomar essa Duff”. Não é natural! As pessoas veem isso na TV, na internet elas não querem. Querem autenticidade.
É uma coisa curiosa. Se você pegar os veículos tradicionais da internet brasileira hoje, UOL, iG, R7, Globo.com, você vai ver que metade do que está lá na home é lixo. “Mulher Melancia canta no chuveiro. Veja o vídeo.” Isso é conteúdo pro Kibe Loco! Mas tá lá no portal. Acho que o Kibe Loco, por ter conseguido audiência com coisas trash, foi muito responsável por isso. Não sei se me orgulho ou me envergonho disso [risos].
Sim, eles estão atrás de números, como todo mundo. Mas no meu caso não foi estratégia. Não comecei pensando “agora vou fazer um negócio que vai pautar todo mundo”. Foi válvula de escape, eu tava num trabalho chato pra caralho e precisava desopilar. Se existisse YouTube naquela época talvez eu não tivesse feito nada: quando estivesse entediado, botaria o fone de ouvido e ficaria vendo bobagem. Fiz o Kibe Loco porque não tinha muito o que fazer. Eu amava as colunas do Tutty Vasquez, do Verissimo, do Millôr. Eu podia brincar de ser esses caras.
Um amigo meu conhecia o Luciano Huck. Eu tinha a ideia de lançar um candidato fictício nas eleições do Rio, então pedi pra ele perguntar se o Luciano não apoiaria. Ele nos colocou em contato e o Luciano me falou: “Esquece essa história de candidato e vem trabalhar comigo”. Fiquei em dúvida. A imagem que eu tinha dele era a de um mauricinho paulista, influente, que conhece umas gostosas. Mas conversei com ele e foi surpreendente. Encontrei um cara inteligente, esperto, generoso. Ele não é meu brother, de tomar chope, mas é um cara que se eu ligo tá disponível, dá ótimos conselhos. Vai ser sempre um parceiro.
Sim, mas redator no Caldeirão não era só entregar o texto. Você escreve, viaja pra acompanhar a gravação, volta pra ilha de edição, é muita coisa. Depois de uns três anos e pouco tive vontade de mudar de ares. O Bruno Mazzeo me chamou pra fazer o Junto e misturado, mas não fui liberado; depois me chamaram pra fazer um quadro do Fantástico e não me liberaram de novo. Um dia falei: quero fazer outras coisas. Fiz uma oficina de humor, na Globo mesmo, criando uma série que nunca foi ao ar. Depois apareceu a hipótese de uma série do Kibe Loco, também não rolou. Acabei saindo em janeiro de 2012, depois de seis anos. E em fevereiro já conversei com o Ian [SBF, hoje sócio e diretor dos vídeos do Porta dos Fundos] pra fazermos coisas juntos.
Eu e o Ian, a gente trocava umas ideias pela internet, um conhecia o trabalho do outro e sempre falava “vamos conversar”. Um dia a gente se reencontrou e combinou de fazer o CSI Nova Iguaçu. O [Fabio] Porchat já era sócio do Ian numa produtora, contamos pra ele que a ideia era fazer um projeto assim ou assado e ele falou: “Tô dentro”. Foi a mesma coisa com o Gregório [Duvivier]. O último foi o João [Vicente de Castro], que eu conhecia de passagem. Quando eu tava saindo do Caldeirão ele tava entrando. Ele veio pra ser o cara dos contatos. É afilhado do Caetano, estava casado com a Cleo Pires, poderia conseguir participações especiais. E assim a gente se juntou.
Não. A gente só sabia que ia ser bom. Só de falar das ideias soltas a gente ria de se esborrachar. Então, mesmo que ninguém gostasse, a gente ia se divertir pra caralho. Na pior das hipóteses, a gente tinha o Kibe Loco. A gente calculava: se a gente coloca um vídeo por semana no Kibe Loco e ele dá um tanto de views, a gente ganha tanto de Adsense no YouTube [o serviço de publicidade do Google gera lucro baseado na quantidade de cliques ou visualizações]. Como a equipe era mínima, nas nossas contas ainda sobraria grana. Claro, todo mundo tinha seu ganha-pão em outras coisas. Mas logo as expectativas foram superadas. No nosso primeiro vídeo, um programa de 15 minutos, a gente achava que se tivesse 70 mil acessos seria um sucesso. Teve muito mais que isso [hoje, só esse primeiro programa contabiliza quase 3 milhões de views].
Existe um boato de que o Luciano Huck é dono do canal. O Luciano nunca botou um real no Porta dos Fundos. Nem ele nem ninguém. Só a gente botou, cara.
Mostramos o primeiro pra Fox, pra Sony. O cara da Sony falou que não tinha grana... E a Fox tinha acabado de fechar com o Rafinha [Bastos]. Então botamos na internet. E agora não queremos outra coisa.
Muita. O tempo todo. O louco é que a gente estava num grande veículo, e estava todo mundo meio parado. A gente teve que sair de lá, inventar outra coisa pro veículo vir dizer: “Nossa, vocês existiam!”.
É, a Globo nos procurou. E também a Rede TV, e canais por assinatura. Só que a gente tá bem. A gente não fecha porta pra TV, mas só iria se não atrapalhasse o que tá acontecendo. Censurando não dá.
É muito louco. É insano. No mês passado eu estava no Lollapalooza e me senti a Xuxa. Nego gritava: “Bola azul!”; “Mario Alberto, eu quero foder!”. É estranho, você entra num restaurante e o cara ao lado sabe quem é você. Eu já era feliz de ter conseguido, com o Kibe Loco, criar um negócio a partir do nada, uma oportunidade de fazer algum dinheiro e conhecer gente. Mas o reconhecimento do Porta dos Fundos é diferente, é muito bom. Me envaidece sim. E entre os humoristas vocês também viraram “os caras”, né? Acho que é porque a gente tá fazendo o que todo mundo queria fazer. Todos estávamos trabalhando na TV, que encanta, mas que também pode virar um exercício de frustração. Eu saí da publicidade porque entendi que tudo o que eu criava em algum momento ia passar pelo crivo de gente que não sabia o que tava falando. O cara que diz sim ou não às vezes é o filho do dono da empresa. Então não é impossível você ouvir: “Ah, meu sobrinho não gostou desse vermelho, vamos trocar por azul?”. Saí da publicidade muito por causa disso. Na TV, gostava da adrenalina e tal, mas também me senti tolhido.
Fiz curso de teatro, mas era mais pra pegar as gatinhas. Curioso é que estão me elogiando, acredita?
Eu acho que não comprometo não! E boa parte do que eu faço no Porta são roteiros que eu escrevi. Então sei exatamente o tom, é mais fácil. Pô, estou sendo chamado para fazer séries agora, acredita? Fiz uma participação em Adorável psicose, do Multishow, e me chamaram para uma da Globo, uma da Fox e uma do GNT. Posso trabalhar como ator, mas não penso nisso. Gosto de escrever e atuar no Porta dos Fundos porque é divertido. Mas, se alguém convida, significa que o que faço como ator não é uma merda! Imagina se me chamam pra uma novela da Globo? Ia ser muito engraçado.
Quase nada. Futebol, UFC, que adoro. Aqui no escritório a televisão fica o dia inteiro no Discovery Channel ou no Animal Planet, porque o nosso roteirista adora. O roteiro do Quem manda, pensei vendo essa porra. Vi o macaco e pensei: “Como esse filho da puta tem a bola azul?”. E tem umas guerras, o que tem a bola mais azul manda, só ele come as fêmeas... Aí pensei na situação do pai e da garota.
Humor é oposição, né? Os petistas me odeiam, acham que sou tucano. Não sou. Não tenho inclinação política, só odeio ladrão, filho da puta. Nas últimas eleições [para prefeito] eu votei no [Marcelo] Freixo, e continuo do lado dele.
Votei na Marina Silva. No segundo turno, não lembro. Devo ter votado no Serra ou anulado. O Lula não dá, essa história do mensalão foi foda.
Eu acho ótimo o politicamente correto, é importante um controle. Na minha juventude cansei de ver garotos fazendo piadas com o único negro da sala e acho ótimo que não façam mais ou se sintam constrangidos em fazer. É uma evolução natural das coisas.
O problema não é o politicamente correto, mas a patrulha. Essa indústria do pointing finger, o cara que fica “isso é racismo!”, por qualquer razão. Os xiitas, de todos os lados, são muito piores do que os caras que supostamente disseminam preconceito. Quem vê preconceito em tudo, até onde não há, dissemina ódio. Acende o fósforo e joga no palheiro.
Nesses casos, e na polêmica com o Rafinha [afastado do CQC depois de uma piada com Wanessa Camargo], os três têm direito de fazer o que quiserem. E a Wanessa tem direito de processar, a associação dos autistas idem, a comunidade judaica idem. Mas tenho pra mim que quando a coisa é bem-feita, quando é engraçado, até a parte atingida releva. Então a discussão é outra: essas piadas eram engraçadas? Casa dos autistas foi uma coisa maravilhosa? Não foi, eles mesmos falam. O que vai salvar o humor da polêmica é ele ser engraçado, ser bom. Se for ofensivo, pode até ter alguém que ria, mas muita gente não vai rir. E o que a gente busca é isto: quanto mais gente rindo junto, melhor.
Game of Thrones anos 90
Mike Wrobel é um designer francês radicado no Japão, e como muitas crianças dos anos 90, foi altamente influenciado pela cultura grunge e viu o culto ao sitcom atingir niveis inéditos naquela época. E como todo bom fã, também ficou desesperado esta semana ao saber que não haveria episódio de Game of Thrones, uma das mais populares séries hoje em dia. Por isso, ele afogou a mágoa em tinta e papel, reimaginando os personagens da série de fantasia inspirada na obra de George R. R. Martin como jovens de sua geração. Game of Thrones está em sua terceira temporada e está sendo transmitida mundialmente em estreias semanais (incluindo o Brasil) pela HBO. Nesta semana, a série não foi exibida, mas volta na semana que vem com o penúltimo episódio da temporada. O season finale será exibido no dia 9 de junho, que deve passar dos seis milhões de espectadores só nos EUA. Na galeria acima você conhece a visão de Wrobel para Jon Snow, Joffrey Baratheon, Jaime Lannister e Daenerys Targaryen como jovens noventistas fãs de grunge e gangsta rap. Vai lá: http://moshi-kun.tumblr.com
Fruta do milagre no TripTV #28
Synsepalum dulcificum, a planta da chamada fruta do milagre, não é exatamente milagrosa. Mas o poder que reside dentro dos pequenos frutos vermelhos que nascem de seus ramos é algo que impressiona qualquer um que experimente sua polpa pela primeira vez. E não, não se trata de um poderoso enteógeno, nem de um remédio salvador. O poder da fruta é diferente: mudar o sabor de alimentos azedos e ácidos para doce, graças a um efeito nas papilas gustativas de quem se aventura em seu caminho. Seu princípio ativo é a "miraculina", uma molécula activa de glicoproteína que interage diretamente com as papilas gustativas de quem a toma, especialmente nas partes que reconhecem os sabores doces e azedos. A fruta em si contém uma quantidade baixíssima de açúcar, mas pode ser usada como um substituto do açúcar para quem faz dieta ou sofre de diabetes. Seu efeito dura entre 30 minutos e duas horas, e varia de acordo com o tipo de alimento ingerido. Apesar de seu poder quase mágico, a miraculina foi barrada nos Estados Unidos quando primeiro tentou entrar no mercado na forma de fármaco. E o poder da planta é tamanho que, na ocasião da proibição, em 1974, a Food & Drug Administration (órgão responsável pela regulamentação de alimentos e remédios no país) foi acusada de sabotar as pesquisas com a substância para proteger os interesses da indústria açucareira, que temia perder mercado com o substituto de seu produto. Origens e uso Nativa da África Ocidental, a planta era usada pelos povos nativos há centenas de anos antes da chegada do explorador europeu Chevalier des Marchais, que descobriu a planta em uma longa expedição no continente em 1725. De acordo com o relato do próprio, os povos locais comiam as frutas direto dos arbustos antes das refeições como uma espécie de aperitivo. Apesar de entrar em contato com a planta e levá-la de volta para a Europa, seu uso nas sociedades do hemisfério norte só viria a se estabelecer de fato durante o final dos anos 1960. Foi nessa época que a fruta do milagre chegou aos Estados Unidos, mas não na forma que a conhecemos. Então, um conglomerado de empresas plantava as mudas na Jamaica e vendia no continente a miraculina em capsulas. Foi assim que começou a era das "miraculin parties" ou "flavor-tripping parties", onde afitriões descolados ofereciam a substância para seus convidados e servia alimentos azedos e ácidos para impressionar a todos com o poder da miraculina. As festas foram barradas pela FDA com o boicote à substância, que só foi revisto nos anos 90, com a chegada comercial das plantas à terra do Tio Sam. Em fevereiro desse ano, a jornalista Neide Rigo (do blog Paladar do Estadão) fez um detalhado relato sobre suas experiências com a tal fruta do milagre, onde apontou sugestões de como cultivar, colher e aproveitar o poder da frutinha. Ela também apontou lugares no estado de São Paulo onde conseguir uma muda, sementes, ou a fruta madura. Em sites de venda, tanto de plantas como de produtos em geral, também é fácil conseguir a sua. A TV Trip acompanhou nosso Repórter Excepcional, Arthur Veríssimo, em uma visita ao CEAGESP no encalço da fruta milagrosa. De quebra, ainda levaram os chefs Henrique Fogaça (SAL, Cão Véio) e Bel Coelho (Dui) para compartilhar conosco a experiência.
Nomes adequados e inadequados
Nomes adequados
John Milsom
FUNÇÃO: Musicólogo, professor de composição musical
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/d2yxhuo
Lisa Remedios
FUNÇÃO: Médica
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/c39j664
Roberta Taboada
FUNÇÃO: Professora de matemática
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/c8krn32
Nomes inadequados
Gabriela Kapim
FUNÇÃO: Nutricionista
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/d2dcto2
Thomas Menino
FUNÇÃO: Prefeito da cidade de Boston
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/cf9kxrc
Gerard Piqué i Bernabéu*
FUNÇÃO: Zagueiro do Barcelona
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/cqk254q
*Bernabéu é o nome do estádio do maior rival, Real Madrid
Topou com um nome tudo a ver com o trabalho de alguém? Ou com outro totalmente inapropriado para o que seu dono faz? Envie para os e-mails nomesinadequados@trip.com.br ou nomesadequados@trip.com.br. Os selecionados ganham uma assinatura anual da revista. Contemplados nesta edição: Stela Tredice, Antonio Luiz Gomes Morgado de Abreu, Georgia Bisaio, Rodrigo Santiago, Fernando Paternostro, Jerônimo Rubim
Porcas Borboletas
Divulgação
Em uma quarta-feira cinza em São Paulo, a internet nos permitiu mudar a trilha sonora e ouvir o novo CD do Porcas Borboletas. Há 14 anos na estrada, e vindos de Uberlândia, em Minas, a banda lançou o terceiro disco na íntegra em seu site ao meio dia de hoje. À noite, apresenta em São Paulo um show com algumas participações especiais.
Homônimo, o disco foi gravado de forma independente no estúdio El Rocha e com produção própria. Participaram Fernando TRZ, Jack Will e Nath Calan. São doze faixas inéditas e autorais, incluindo o poema musicado Only Life, de Leminski, e também uma versão rock para a canção Wellington da banda de punk-rock Dead Smurfs.
Helio Flanders, vocalista do Vanguart, se autodefine fã confesso dos mineiros e assina o texto de divulgação do álbum. Entregando que tomado pela ansiedade de ouvir as novas músicas, mentiu para Fernando Sanches, que o entregou um CD com as canções, confessa: "Quando as músicas começaram a pular daquela playlist, tive certeza de que estava ouvindo o melhor álbum do Porcas Borboletas até hoje. Mais certeiros e espertos, mais maduros e fortes do que nunca, e com a personalidade de sempre".
"A grande sacada que faz o Porcas tão ímpar é que quando o clima começa a pesar, musical ou poeticamente, eles vem com algo mais certeiro ainda", Helio Flanders
Um carinho com os dentes, 2005, e A passeio, 2009, permitiram que o grupo se tornasse reconhecido como um dos principais nomes da música independente brasileira. Alguns dos sucessos: Menos, parceria com Clara Averbuck, Super-herói-playboy, com participações de Leandra Leal, Arrigo Barnabé e Junio Barreto, e Nome Próprio, tema do filme de mesmo nome do cineasta Murilo Salles.
Vai lá: Lançamento Porcas Borboletas
Quando: 26/06 – quarta-feira às 21h
Onde: Sesc Santana
Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Jd. São Paulo.
Quanto: De R$4 a R$ 16
Classificação indicativa de 12 anos
Para baixar: www.porcasborboletas.com.br
Mundo em miniatura
Quer melhor presente de aniversário do que brinquedos? É com eles que o Sesc Pompeia comemora seus 30 anos, na exposição Mais de Mil Brinquedos para a Criança Brasileira. O evento homenageia a mostra homônima (e a primeira da unidade) organizada em 1982 pela arquiteta Lina Bo Bardi, que assina o projeto do Pompeia. Serão exibidas mais de seis mil peças artesanais e industriais de diferentes regiões do mundo, representando a infância desde a década de 1930. Conversamos com Gandhy Piorski, um dos curadores da mostra. Artista e pesquisador do lúdico na cultura popular brasileira, ele comenta as escolhas para a exibição que tomou ao lado da colega Renata Meireles e destaca a necessidade de valorizar os brinquedos feitos à mão – seja por artesões seja pelas próprias crianças. E defende a importância de ouvir o que a criatividade da infância diz ao mundo: “A cultura sempre diz o que a criança tem que fazer. Os educadores sempre têm respostas e teorias afirmadas sobre o que é melhor para acriança. Mas o exercício de expressão da criança, isso raramente foi passado através dos tempos”. Trip. A exposição é uma homenagem à mostra que Lina Bo Bardi realizou no SESC em 1982. Como vocês estão dialogando com o passado? Isso porque as ideias de brinquedos são cada vez mais importadas? Falando em preço, como está o mercado artesanal atualmente? Fica preso naquela coisa de que pode soltar pecinhas... No processo de revisitar a mostra da Lina e analisar o que está sendo produzido atualmente, é possível identificar mudanças no modo de brincar das crianças brasileiras? Qual a diferença entre o brinquedo que a criança constrói e o que ela consume pronto? O que a criança tem em mente quando cria um brinquedo? É triste que essa experiência seja podada. E raramente percebo ambientes fora da escolinha estimulam essa relação de criatividade com o brinquedo. "Normalmente a gente percebe o que a cultura diz para a criança e sobre a criança. Esse é um ponto que a gente abre na mostra: o que a criança está dizendo pra cultura?" É possível traçar uma sociologia do brinquedo? Quer dizer, o que nossos brinquedos dizem sobre nós, brasileiros? O que é um conceito avançadíssimo, que a maioria dos adultos perde ao longo da vida. Vai lá: Mais de mil brinquedos para a criança brasileira – Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, Pompeia, São Paulo, SP, (11) 3871-7700. De 9/7 a 2/2/2014, grátis
Uma parte do acervo da época deixou de existir, porque o SESC doou uma grande quantidade de brinquedos que recebeu de indústrias. Outra parte se perdeu, mas ficaram outros que eram mais artesanais. A visita ao que restou foi o ponto de partida para começar nossa leitura. Observamos com atenção muito especial a qualidade do brinquedo da época em que foram coletados. Havia peças muito bonitas e trabalhadas, com características bem vivas do que era o artesanato de brinquedos nos anos 80 no Brasil. isso foi muito peculiar, foi o que saltou aos olhos da gente. Nessa época, o artesanato de brinquedos era uma coisa muito intensa nas feiras do interior de São Paulo e no nordeste. Muitos artesãos estavam no vigor criativo. Tem outro ponto que chamou atenção. A Lina quando expôs os brinquedos trouxe o artesanato para um patamar igual ao dos brinquedos da indústria, que, diga-se de passagem, tinha designers produzindo e criando. A Estrela funcionava a pleno vapor e tantas outras, com pessoas desenhando, o que não existe mais com tanta frequência hoje em dia.
Isso. E os designers hoje normalmente pegam personagens do cinema e redesenham pra produção de bonecos e brinquedos em geral. Não tem mais aquela coisa de pensar um produto inteligente, que tenha aspectos mais apropriados à construção e criatividade da criança.
Imagino que perdemos muito com essa mudança.
Sem dúvidas. Hoje ainda há brinquedos bons, como o Lego ou linhas mais específicas, que não existem no grande mercado. Mas são caros.
Está restrito a pequenas áreas do brasil. Em São Paulo, mesmo, existe uma loja, a Fábrica de Brinquedos. Eles têm um trabalho de ligar artesãos que produzem boas peças, estimulam a criação para que possam vender. Ou também compram na Europa, vão buscar um mercado mais inteligente. No Nordeste ainda existem artesãos, no interior de São Paulo também, mas isso está pulverizado. E há pouco espaço em um mercado como este, em que a indústria massiva de brinquedos está ligada a figuras da mídia. Além disso, é muito difícil um brinquedo de artesão passar nas categorias de segurança do Inmetro. O Inmetro é um órgão que metrifica a experiência do brincar e não entende nada de criança.
Exato. Tem normas de segurança compreensíveis para a sociedade em que a gente vive, na relação de comercio das indústrias. Mas penaliza uma linha artesanal de produção que tem historia no Brasil.
Há algumas mudanças. A ótica que nos quisemos inserir na exposição tentou ir além do que a Lina fez, de trazer o artesão pro mesmo patamar do designer. Trouxemos outro elemento para a mostra que foi a produção das próprias crianças, que são quem na verdade inspira o artesão e o designer. Isso é muito claro na historia do brinquedo, muitas invenções artesanais que chegaram ao patamar de industriais vieram da inspiração que o artesão soube ver na criança. Consideramos esse um elemento chave, elas são muito criativas dentro desse universo do brincar, da inspiração. Voltando à pergunta, estou querendo dizer com isso é que esse discurso de que as crianças não brincam mais é mentira. É um discurso institucionalizado. Na verdade, as crianças continuam brincando e construindo muitos brinquedos. Talvez nos grandes centros urbanos, numa classe social específica, isso esteja mais prejudicado. Mas nas periferias, no interior do Brasil, as crianças continuam criando brinquedos. Existe aí, sim, um brincar da criança que a gente quer discutir. Por isso desconstruímos o brinquedo nessa mostra, muitos estão abertos. A gente mostra o avesso do brinquedo, como é por dentro. E a relação de construção, o interesse que a criança tem em animar o brinquedo, desmontar, conhecer os mecanismos pra brincar.
Acho que a principal característica é que a criança, quando constrói para brincar, estabelece uma relação diferente com todo o resto diferente de quando ela consome para brincar. Construir para brincar tem um nível de valoração sobre a relação com o mundo e de apropriação do mundo muito mais significativa do que consumir pra brincar. Claro que existem brinquedos que têm níveis de exploração e apropriação bem significativos, que mostram que é possível criar sempre para brincar e não necessariamente ter que consumir o brinquedo pronto – mas consumir objetos que dão o poder de criação.
Uma das diferenças é que no que a criança produz a partir do universo dela existe muito mais expressão e ampliação da capacidade imaginativa. Um brinquedo comprado pronto miniaturaliza a realidade, emoldura a experiência de criação. É claro que uma Ferrari de brinquedo que imita a realidade é muito sedutora. E a criança quando brinca com ela tem experiências, claro. Mas quando constrói o próprio carrinho, com todas as limitações da técnica, da lata, do prego, do martelo, quando recorta a lata com tesoura, é claro que a vinculação é muito mais profunda porque existiu ali todo um esforço criativo de trabalho manual e de exercício próprio do que em relação ao carrinho pronto. É bem significativo. As pessoas às vezes dizem que as crianças são preguiçosas, que só querem ficar em frente à televisão o dia todo, não têm mais pique pra construir. Mas coloca uma criança num celeiro cheio de ferramentas e objetos para ela construir brinquedos para ver qual é a relação corporal e criativa que ela tem com aquilo.
É verdade. Muitas escolas hoje estão discutindo isso e tem um ponto que é muito importante. Existe, claro, toda uma expectativa que os pais depositam na escola, nos centros culturais, parques. Mas em casa, a partir do esforço dos pais, é possível criar esses ambientes criativos e construtivos. Na verdade, existe hoje um delegar da educação. A grande maioria das famílias, pelo pouco tempo e disponibilidade que exige a educação dos filhos, está delegando essa responsabilidade a terceiros, porém é possível, sim, trazer a relação de criação e a experiência construtiva na própria casa. Mas isso é cada vez mais cerceado, nas famílias e nas grandes cidades e impõe uma necessidade de esforço e mudança de cultura.
Sim, é possível se traçar uma geografia. Uma sociologia. Uma antropologia. Uma botânica do brincar. Em cada nicho geográfico, cada experiência que se estabelece com a natureza, é possível se perceber o dizer da criança, um traço da fala própria, do que ela tem a dizer sobre ela própria e sua relação com o mundo. Normalmente a gente percebe o que a cultura diz para a criança e sobre a criança. Esse é um ponto que a gente abre na mostra: o que a criança está dizendo pra cultura? Dividimos a exposição em ambientes que tratam de temas específicos. Logo na entrada tem o “mínimo e as mãos”, que é a relação com miniaturas, das pequenas coisas. Aí a gerente aborda que, pela plástica dos objetos, existe um interesse em criar intimidade com o mundo, em se enraizar na vida social. Não só para imitar, as para poder trazer seus próprios conteúdos para a cultura. Colocamos casinhas, fazendinhas de todo tipo, inclusive de ossos de boi, em que as crianças entram na anatomia da natureza. Elas vão nas ossadas e tiram vértebras dos bois para fazer fazendinhas, aí existe toda uma investigação da criança sobre a anatomia da natureza, sobre o dentro do mundo. Há um interesse na substância do mundo. Tudo isso é exercício da imaginação, empurrando a criança para investiga e fazendo com que ela diga o interesse dela pelas coisas. Quando a criança pega o brinquedo e quebra, não existe aí uma hiperatividade da criança, e sim a vontade de conhecer o que está dentro. Isso já denota uma metafísica na criança.
Exatamente. Existe aí todo um estudo que a gente pode fazer do abandono da infância, que vem de muitos séculos. A cultura sempre diz o que a criança tem que fazer. Os educadores sempre têm respostas e teorias afirmadas sobre o que é melhor para acriança. Mas o exercício de expressão da criança, isso raramente foi passado através dos tempos. Existe um percurso de abandono da criança, por achar que ela é uma pagina em branco e nos é que dizemos o que ela tem que ver.
Uma concepção totalmente racionalista, infelizmente. Para fechar: é possível descobrir o que a criança brasileira de hoje quer comunicar ao mundo através dos seus brinquedos? Existem uma ou duas frases capazes de resumir essa ideia?
Não sei quais seriam essas frases, mas acredito que as crianças têm comunicado para o mundo que existe uma individualidade de cada uma dela. É preciso estudá-las como seres individuais, e não massificar um sistema de ensino. Cada criança tem sua experiência própria, sua sensibilidade e seu nível de relação e aprofundamento com o universo em que vive. Acho que esse é o dizer mais significativo: “Nós temos individualidade. Nós temos conteúdo. Nós queremos dizer o que parte de nós e não só o que a cultura e a educação querem nos imprimir”.
Cosplay musical
O fotógrafo James Mollison registrou o fanatismo de alguns fãs norte-americanos que ficam na fila de shows. O projeto "The Disciples" demorou três anos para ser concluído e reuniu cerca de 500 participantes que fazem praticamente um cosplay de seus ídolos. Nascido no Quênia e criado na Inglaterra, o fotógrafo é conhecido pela série “Where Children Sleep” (Onde as crianças dormem), que virou livro este ano. Veja uma amostra desse trabalho na galeria de fotos e a série completa em seu site abaixo. Consegue identificar o ídolo homenageado pelos fãs em cada foto? Escreva nos comentários.
Os 99 problemas de Jay Z
Até os ricos e bem sucedidos artistas tem problemas. Inspirado pela música 99 Problems do rapper Jay Z, onde ele canta “I got 99 problems but a bitch ain’t one“, o artista Ali Graham criou essa série de ilustrações do maior astro do hip hop e seus possíveis perrengues. Com base nas letras de suas músicas, e algumas vezes criando um duplo sentido das palavras, ou coisas do cotidiano, Ali desenha de forma cômica os problemas de Mr. Carter. As ilustrações estão sendo vendidas pelo artista em edições limitadas por 19.99 dólares. A série está em andamento até chegar nos 99. Pra quem quiser acompanhar todo o trabalho do ilustrador siga seu Tumblr. Vai lá: http://probs99.tumblr.com * Felipe Pereira é designer gráfico e escreve sobre artes para o blog BLCKDMNDS
Anhangabaú da FelizCidade II
A partir do meio dia deste sábado, a região do Anhangabaú, no centro de São Paulo, vai receber uma intensa programação cultural e política na segunda edição do Anhangabaú da FelizCidade. Organizações como a Mídia Ninja, importante no cenário das últimas manifestações, e UNE vão participar e nas atrações culturais estão nomes como Vivendo do Ócio, Andréia Dias e Rappin Hood.
Programação
- CONVERSAS INFINITAS
14h às 15h
Copa e o projeto da Fifa de Reforma para o Vale
Reunião aberta com a SMDU. Em pauta o projeto de Reforma do Vale para hospedar a Fifa Fan Fest.
Jeff Anderson - BioUrban / Claudio Prado / Carol Nery - Ok.A Arquitetura / Edu Zal - Bijari
15h às 17h
Debate sobre a Democratização da Mídia e o Oligopólio da Rede Globo
Miguel do Rosário - Barão de Itararé e Blog O Cafézinho / Igor Felippe - MST / Ana Lúcia - UNE / Carla Bueno - Levante Popular da Juventude / Pedro Ekman - Intervozes / NINJA
17h às 19h
Marco Civil da Internet: Neutralidade, Privacidade e Direitos Autorais
Sérgio Amadeu / Claudio Prado / Gustavo Aniteli / Veridiana Alimonti IDEC
19h ás 21h
Assembleia Extraordinária Existe Amor em SP
Palcos
- PALCO NOTAS REAIS
13h - dj LICK SHOT
13h45 - dj WOJTILA
14h30 - dj DbVz
15h15 - RAGGA PEI
15h45 - show NOTAS REAIS (Walmir Gil e Convidados)
16h30 - dj MZK
17h20 - SP FUNK ( MR. Bomba / Tio Fresh / DJ QAP / Maionese )
17h50- PATHY DEJESUS
18h30 - LANNY GORDIN ( com Gregório Gananian e Operário Ribeiro)
19h15 - Lei di Dai
20h – Hoosky e Rush Hour
20h45 – SNJ participação Rappin Hood.
21h30 - dj PAULAO
22h20 - SANDRÃO (Majestade / rzo)
23h20 - POTENCIAL 3
- PALCO LÂMINA
12h Versão Brasileira
13h DJ Manjuba's Club
14h Murilo Good Grooves
15h DJ Manjuba's Club
16h Mescaline Duo
18h RedPhone
19h Fabiana Faleiros
20h Bombay Groove
21h DJ Denis Diosanto
22h EU, EU, EU
23h DJ Denis Diosanto
00h Churrasco Elétrico
- PALCO LADO LESTE
15hs Batalha da Leste + Augusto Oliveira
17hs Zamba Rap Clube
18hs Douglas Reis
18:45hs Parábola
19:45hs Engrenagem Urbana
20:30hs Exibição do vídeo LOVE CT (Cidade Tiradentes) ‘Nunca desista dos seus sonhos’ e mais entrevistas e vídeo clipes dos artistas locais
- PALCO TSUNAMI
16h Leite Paterno
16h45 Oito e Quarenta
17h30 Mr Lúdico
18h15 Atala Drama Club
19h00 Badtrip Surfdeath
19h45 Sheila Cretina
20h30 Emicaeli
21h15 Caimbra
22h00 Carbônica
- PALCO PEDRA ROSA
14h D J Zala
14h30 Sujeito a Lixo
15h40 Los Tantra(ARG)
16h50 Jair Naves
18h Diego de Moraes
18h40 D J Zala
19h10 Vivendo do Ócio
19h50 Dj Ju Salty
20h20 Andreia Dias
21h Dj Ju Salty
21h30 Anarkia Tropikal (CHI)
- PALCO EXISTE FOGO
15h Ethiopian Highlandhs
16h Zabah Bush
17h David Hubbard
18h Guerreiros de Sião
19h Força da Paz
20h MUTA³MAN
21H Ambulantes
22h Serra Leão
Sounds: High Public + Leggo Violence (amplificando)
- PALCO FUNÇÃO FUNK
DJ Miria Alves
A Matilha
Us Da Rua
Sara Donato
Parça JD
Mabee& Lyne
Tabata Alves
James Ventura
Dory
Cia. Ritmos Family
Marcio Attack Versos
Slim Rimografia
Rinha dos MCs
Erick Jay
Caos do Subúrbio
- PALCO ROCK E MEIO
Theosophy
Star 61
Duckbill
Stone Folk R
Dióxidos
Ocean and I
Thelio
Drugstore Cine Rock
Os Novos
Soundsystem
14h ás 22h
Leggo Violence
High Public
Pista
16h ás 02h
16h DJ Macaco
17h FUNK
17h Dj Indio S.A.V.
18h Dj Marcelo Donny
19h Independência ou Marte
20h30 NIGHT HUNTERS
20h30 Hubert
21h30 Luiz Pareto
22h30 Márcio Vermelho
23h30 Brown Breaks
VJs: Priscilla Cesarino, Danilo Barros, Bruno Nogueira
Performance: Glamour Garcia
Vai lá: Vale do Anhangabaú - Estação de metrô da linha vermelha Anhangabaú
Como nossos pais
Para homenagear os pais que têm música no sangue e passaram essa arte para seus filhos, a rádio Eldorado FM, em parceria com o Bourbon Shopping, reuniu fotos de cantores e músicos com seus filhos, também músicos, em exposição especial de Dia dos Pais. “Pais e filhos da música” tem abertura dia 29 de julho e segue até dia 11 de agosto, e é composta pelo acervo pessoal dos próprios artistas, imagens de shows realizados pela rádio e também pequenas biografias contando a história de cada um deles.
Bob Dylan e Jacob Dylan; Caetano Veloso e Moreno Veloso; Bob Marley e Ziggy Marley; Nat King Cole e Natalie Cole; Wilson Simonal, Simoninha e Max de Castro; e Moraes Moreira e Davi Moraes são alguns dos nomes expostos.
Na programação da emissora, parceira da Trip no programa Trip FM, uma série de boletins trará a obra das duas gerações.
Vai lá: Exposição “Pais e filhos da música”
Onde: Piso Pompeia - Bourbon Shopping (Rua Turiassu, 2.100 – Pompeia)
Quando: De 29 de julho a 11 de agosto
De segunda a sábado das 10h às 22h aos domingos das 14h às 20h
Quanto: Gratuito
O silêncio e a prosa do mundo
Este ano acontece a sétima edição do ciclo de palestras Mutações, projeto que atua como fórum de conversas sobre as formas de pensamento da sociedade atual. Intitulada “Mutações – O silêncio e a prosa do mundo”, vai acontecer entre agosto e outubro em São Paulo e no Rio de Janeiro. A organização é do jornalista e filósofo Adauto Novaes e as discussões têm como objetivo tratar do conceito da fala e do silêncio. Colocados lado a lado, temos o peso do que consegue expressar as nossas reflexões e paixões e do que, ao ser produzido entre um grande volume de informações, pode ser transgressor.
Com a participação de nomes como Antonio Cicero, David Lapoujade, Eugenio Bucci, José Miguel Wisnik, Marcelo Coelho, entre outros, são 25 palestras e debates com grandes pensadores do Brasil e também estrangeiros. Na capital paulista acontece no Sesc Vila Mariana e no Rio, na Biblioteca Nacional. As inscrições estão abertas e são limitadas, podem ser feitas pelo site ou nas unidades do SESC em São Paulo.
"Os dados impressionam: pesquisadores afirmam que, só nos Estados Unidos, houve um aumento de quase sete trilhões de palavras faladas, a partir da invenção das novas tecnologias. As perguntas são inevitáveis: O que tanto se fala?" diz Adauto Novaes, organizador do evento.
Abaixo, você vê a lista completa com as palestras. Para saber mais sobre cada uma delas, é só acessar o site do evento - www.osilencioeaprosadomundo.com.br
14 de agosto – Rio de Janeiro – 19h
15 de agosto – São Paulo – 19h30
Francis Wolff | O silêncio é a ausência de quê?
19 de Agosto – Rio de Janeiro – 19h
21 de Agosto – São Paulo – 19h30
Pedro Duarte | O silêncio que resta
20 de Agosto – Rio de Janeiro – 19h
22 de Agosto – São Paulo – 19h30
Olgária Matos | A Escola do Silêncio: acídia e contemplação
21 de Agosto – Rio de Janeiro – 19h
23 de Agosto – São Paulo – 19h30
Franklin Leopoldo e Silva | O risco do fracasso
26 de Agosto – Rio de Janeiro – 19h
28 de Agosto – São Paulo – 19h30
Oswaldo Giacóia Jr. | Ignorância e falatório
27 de Agosto – Rio de Janeiro – 19h
29 de Agosto – São Paulo – 19h30
Jean-Pierre Dupuy | Silêncio público e hipocrisia coletiva
28 de Agosto – Rio de Janeiro – 19h
30 de Agosto – São Paulo – 19h30
Marcelo Coelho | Silêncio do torturado, loquacidade do torturador
02 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
04 de Setembro – São Paulo – 19h30
Renato Lessa | Ofensa, verdade, silêncio: sobre a palavra secreta de Hurbinek, filho de Auschwitz
03 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
05 de Setembro – São Paulo – 19h30
Pascal Dibie | O silêncio dos amantes e, mais particularmente, das mulheres
04 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
06 de Setembro – São Paulo – 19h30
Eugênio Bucci | O rumor da mídia
09 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
11 de Setembro – São Paulo – 19h30
Eugène Enriquez | O discurso político
10 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
12 de Setembro – São Paulo – 19h30
Newton Bignotto | As formas do silêncio
11 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
13 de Setembro – São Paulo – 19h30
José Miguel Wisnik | O silêncio e a parada do pensamento
16 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
18 de Setembro – São Paulo – 19h30
Elie During | Fazer silêncio
17 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
19 de Setembro – São Paulo – 19h30
Jorge Coli | A inteligência do silêncio
18 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
20 de Setembro – São Paulo – 19h30
Guilherme Wisnik | O silêncio e a sombra
23 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
25 de Setembro – São Paulo – 19h30
João Carlos Salles | O silêncio e mais que o silêncio
24 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
26 de Setembro – São Paulo – 19h30
David Lapoujade | O inaudível (uma política do silêncio)
25 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
27 de Setembro – São Paulo – 19h30
Romain Graziani | Recursos éticos e motivações políticas do silêncio na China antiga
30 de Setembro – Rio de Janeiro – 19h
02 de Outubro – São Paulo – 19h30
Frédéric Gros | Fazer calar e fazer dizer o sexo
01 de Outubro – Rio de Janeiro – 19h
03 de Outubro – São Paulo – 19h30
Vladimir Safatle | Sublime por atrofia: música, silêncio e a generalização do “estilo tardio”
02 de Outubro – Rio de Janeiro – 19h
04 de Outubro – São Paulo – 19h30
Marcelo Jasmin | Silêncios da história – experiência, acontecimento, narração
07 de Outubro – Rio de Janeiro – 19h
09 de Outubro – São Paulo – 19h30
Luiz Alberto Oliveira | O silêncio de antes
08 de Outubro –terça-feira – Rio de Janeiro – 19h
10 de Outubro – quinta-feira – São Paulo – 19h30
Antonio Cicero | A poesia entre o silêncio e a prosa do mundo
09 de Outubro –quarta-feira – Rio de Janeiro – 19h
11 de Outubro – sexta-feira – São Paulo – 19h30
Francisco Bosco | Sair do mundo
Vai lá: Mutações – O silêncio e a prosa do mundo
São Paulo: SESC Vila Mariana
Onde: Rua Pelotas, 141 - São Paulo
www.sescsp.org.br – (11) 5080-3077 - mutacoes@vilamariana.sescsp.org.br
Quanto: de 2 a 4 reais por palestra
Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional
Onde: Espaço Cultural Eliseu Visconti – Auditório Machado de Assis
Rua México, s/nº (Acesso pelo jardim, esquina com Pedro Lessa)
Informações e inscrições: na Mediateca da Maison de France (Av. Presidente Antonio Carlos, 58 / 11 andar)
Quanto: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia-entrada) – o ciclo inteiro
Nomes adequados e inadequados #224
Nomes adequados
01 Baijayant Panda
FUNÇÃO: Parlamentar indiano que luta pelos direitos dos animais
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/kbqyuow
02 Daniel Humm
FUNÇÃO: Chef
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/k2lz5pl
03 Antonio Lélis Pinheiro
FUNÇÃO: Engenheiro florestal
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/przzdpz
Nomes inadequados
01 Teresa Urban
FUNÇÃO: Jornalista e ambientalista
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/o2smhyz
02 Milan
FUNÇÃO: Filho do zagueiro Piqué, do Barcelona
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/qd69htc
03 Jorge Carrasco
FUNÇÃO: Diretor do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/qzpnuj3
Overdose
A banda: Johnny Guitar, guitarra e vocal, Danny Starr, baixo, e Rony Thunder, bateria A MTV como você conheceu nos últimos 23 anos vai acabar no fim do próximo mês. Mas ainda há tempo para sangue novo na emissora. É a série Overdose, que estreia hoje às 23h, com a exibição de seus dois primeiros episódios. Overdose vai mostrar a história da banda formada Johnny Guitar (Juliano Enrico), Danny Star (Daniel Furlan) e Rony Thunder (Raul Chequer) com os integrantes relembrando os anos de dureza na garagem agora que alcaçaram o sucesso e glória. Dos shows vazios até o excesso nas drogas e a inevitável briga de egos, Overdose mistura crítica com humor. Exatamente a linha que seu diretor e roteirista, Arnaldo Branco, estreante na função, imprime em sua série de tirinhas chamada Mundinho Animal. Alguma relação? “É porque temos muitas bandas ruins, talvez minha intenção com a série fosse inventar uma que eu gostasse. Brincadeira, nem acho o panorama tão devastador - a internet ajuda muito na garimpagem hoje em dia - só acho que nossa classe artística (e não só na área musical) tem cacoetes muito parecidos com os da política - lobby, nepotismo, fisiologismo etc.”, diz Arnaldo para explicar a origem da série. O formato escolhido para Overdose é o mockumentary, o falso documentário. Consagrado por séries atuais como The Office, o modelo tem forte relação com o rock desde A Hard Day's Night, dos Beatles, até This Is Spinal Tap, assumidamente a maior influência para Arnaldo. “Achei que o formato podia render como uma série. Mas não é um plágio total, Spinal Tap é totalmente câmera na mão, simulando cobrir uma turnê de mentira, e Overdose é mistura de depoimentos para a câmera e eventos encenados”, conta. No ano passado o piloto da série foi exibido na MTV com o nome de Rock’n Roll. A série produzida numa parceria de Arnaldo com a produtora Carambolas concorreu com outros cinco pilotos e levou a melhor no voto popular, garantindo mais 13 episódios. Até a produção do piloto, o seriado já tem história significativa. “Recebemos 400 links para testes em vídeo. Quando estávamos quase fechando o elenco, chegaram os vídeos do Juliano, do Daniel e do Gabriel Labanca”. Os garotos do coletivo de quadrinhos e esquetes Quase ganharam a vaga imediatamente. A parte triste da história é que Labanca faleceu após um ataque do coração. “Ele não viu nosso projeto ser escolhido e nem seus colegas serem chamados para ser VJs - a MTV adorou o trabalho do Juliano e do Daniel (a dupla cuida do Último Programa do Mundo, que faz piada com o fim da emissora). Para a série fizemos uma espécie de reboot com o Raul Chequer, que também é da Quase, na pele do irmão do personagem do Labanca". Arnaldo, que não costuma perdoar ninguém em suas tirinhas do Mundinho Animal, não se lembra de ter falado mal da MTV, mas reconsidera. “Talvez tenha falado genericamente de VJs ou de algum programa específico. Gostei sim e por muito tempo do canal, mesmo aquela fase esquisita em que eles botavam aqueles clichês de roqueiro pra apresentar de má vontade clips do Molejão”. Ainda assim vai sobrar uma piada para a emissora: “A gente tem um episódio só pra zoar a MTV fase terminal”. Vai lá: Overdose, segundas na MTV, às 23h
Um rolê com Sasha Grey
Sasha espera a van que a levaria até uma emissora de TV do lado de fora do hotel onde está hospedada, na região da avenida Paulista. Ela é uma garota de 25 anos despachada, daquelas que sorriem sempre que cumprimenta as pessoas ou quando fala sobre os livros prediletos. Pisa na calçada com o tênis preto, estilo botinha, e está prestes a atravessar uma das alamedas mais movimentadas dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, acompanhada apenas por Jessica, uma das suas melhores amigas. Vendo-a parada ali, bem vestida com calças escuras, regata soltinha no corpo, blazer preto, bolsa a tiracolo, é difícil imaginar que estamos diante de um dos maiores mitos do cinema pornô, de uma mulher que esteve em quase 300 produções, já transou com seis caras ao mesmo tempo para um filme, e levou o sexo oral a profundidades inimagináveis. E também é uma das figuras mais interessantes da cultura pop: virou queridinha do diretor cult Steven Sodenbergh, com quem filmou Confissões de uma garota de programa (2009); participou de clipe do rapper Eminem; e foi parte da banda de rock industrial aTelecine. É na van que a leva do centro expandido à Zona Sul onde conversamos com ela, que veio a São Paulo para divulgar Juliette society, seu primeiro romance erótico. Na entrevista abaixo, ela fala sobre ser uma das poucas atrizes do pornô americano a fazer sexo inter-racial, comenta a polêmica (não) depilação de Nanda Costa e revela a obsessão por comprar discos e DVDs. Mas se você é como o motorista que a acompanhou pela cidade, que era só elogios à simpatia da moça, mas até agora não tinha ideia de quem é Sasha Grey, aí vai um breve resumo. Nascida na Califórnia, ela entrou na indústria pornô assim que completou 18 anos. Não só porque era um jeito rápido de ganhar um bom dinheiro, mas porque queria explorar a própria sexualidade (apesar de ter sido uma das últimas da turma a perder a virgindade, aos 16). Nos filmes em que atuou, protagonizou cenas pesadas – na primeira delas, pediu ao cara com quem estava transando que lhe desse um soco no estômago – que logo conquistariam legiões de fãs por suas performances e lhe renderiam os principais prêmios do gênero. Aos 21, Sasha decidiu se aposentar do mundo da pornografia. Desde então, filmou com o diretor cult Steven Sodenbergh, continuou tocando com a banda de rock industrial aTelecine, publicou dois livros (além de Juliette, lançou NEU SEX em 2011, que compila suas fotografias nos bastidores do pornô) e leu para crianças. Ah, também é fã de Nietzsche, Sartre e dos Bad Brains (banda americana de hard core); é ativista gay, defende o empoderamento feminino e o acesso universal à leitura, não frequenta festas “a não ser quando precisa discotecar”, pratica pilates, acaba de vender os direitos de seu romance para o cinema. E ainda consegue dar risadas nesta entrevista, em meio a uma agenda insana de divulgação do livro. Trip. Sasha, você está em todos os lugares! Todos os repórteres querem falar com você, a noite de autógrafos ontem foi uma loucura, vi você em programas de TV, você discotecou aqui... Imaginava que a passagem pelo Brasil fosse quase como a vinda da Madonna? O que a palavra “prazer” significa para Sasha Grey? Você se vê como uma figura que explora o prazer em todos os sentidos? Você poderia tentar escrever um livro de culinária, todo mundo faz isso hoje em dia [risos]. Sasha, as pessoas costumam comparar seu Juliette society com o best-seller 50 tons de cinza por serem livros eróticos escritos por mulheres. O que você pensa dessas comparações? Acho que há uma diferença específica entre os dois textos: em 50 tons, a personagem praticamente serve o que o cara quer. Já no seu livro, a Catherine é protagonista do próprio prazer. Sei que você é uma leitora voraz [ela abre um sorrisão]. O que você leu enquanto escrevia Juliette society? Como você gostaria que seu livro fosse lido? Por falar em tabu, alguém já te falou da Nanda Costa? É uma atriz brasileira que saiu na última edição da Playboy e causou polêmica porque não se depilou totalmente. Algumas pessoas acham que ela deveria ter tirado tudo porque é mais bonito e higiênico, outras acham que está bonito assim. Como o assunto depilação te afeta? Você está aposentada há quatro anos do cinema pornô. O que vê quando olha para trás? Você sofre preconceito por ser uma ex-atriz pornô, como quando os pais de uma escola infantil nos Estados Unidos a impediram de continuar lendo para as crianças. Mas, dentro da própria indústria, presenciou cenas de preconceito? Os filmes inter-raciais – ainda considerados um gênero à parte – nunca foram problema para você? Que absurdo. E você nunca mesmo ganhou um extra por cenas assim? É triste, mas ainda assim sua atitude é revolucionária. E o que vale uma boa briga para Sasha Grey? Você também é ativista pelos direitos das mulheres, pelos direitos gays... É uma coisa bonita de se ouvir. Falando de assuntos mais leves, você é uma fã de punk e hard core. Quais são suas bandas favoritas e o que tem escutado ultimamente? Você também é viciada em comprar discos, certo? Quais foram suas últimas aquisições? Essa compulsão é só por discos? Você conseguiu comprar alguma coisa aqui no Brasil? Depois te dou algumas dicas, se você quiser. Vem cá, você está namorando ou saindo com alguém, algo do tipo? Ele é americano, de onde ele é? Melhor não falar sobre isso?
É arrebatador e surpreendente. Não tinha ideia do que esperar, especialmente da noite de autógrafos.
Bem, o prazer não precisa ter necessariamente a ver com a sexualidade, eu acho. Ele precisa preencher todos os sentidos, então podemos nos sentir estimulados física e mentalmente e isso não necessariamente quer dizer que estamos excitados. Mas também não quer dizer que precisamos estimular todos os sentidos para ficar com tesão.
Sim, mas não em todos os sentidos, sabe, não sou uma chef de cozinha... Mas talvez eu faça isso, quem sabe?
É bem verdade. Minha personagem é bem mais forte e independente do que a de 50 tons de cinza. Claro, muitas mulheres gostam de agradar o parceiro e sentem prazer nisso. E a Catherine até pode querer ser sexualmente submissa, mas ela quer mais é controlar a situação para chegar até onde ela quer. Essa é a grande diferença.
Ah, bastante coisa. Mas as principais influências são The sadeian woman, de Angela Carter, 120 dias de Sodoma, de Sade, e tudo o que ele escreveu.
Apesar de ser um romance erótico, ele também é divertido. O gênero erótico também representa a visão de um autor sobre seu tempo, então espero que isso aconteça com Juliette society. Que as pessoas riam e não levem tudo tão a sério. Até mesmo os comediantes vivem tempos difíceis porque hoje em dia tudo é tabu.
Não, quem é?
Oh!
Gosto ao natural. Faz com que eu me sentir mais fêmea, mais mulher. Claro que tem gente que sempre vai achar que é nojento e nada sexy, mas sempre haverá pessoas como eu, que acham que é sexy, sim.
É estranho, porque agora estou fora do pornô por mais tempo do que realmente estive nele [dos 18 aos 21]. Quando olho para trás e vejo o que conquistei, às vezes fico chateada, como quando penso na produtora que tentei criar e não deu certo. Isso me frustra às vezes. Mas se não fosse por tudo o que vivi, talvez não estivesse aqui hoje.
Pensava quer o pornô seria um tipo de ambiente em que todo mundo tivesse a cabeça aberta e respeitasse as preferências das outras pessoas. Na verdade, conheci muitas pessoas realmente homofóbicas e sempre achei isso tão bizarro. Ou pessoas que agiam da mesma forma quanto ao sexo inter-racial. É engraçado, porque elas já estavam fazendo sexo, que é uma das coisas mais íntimas que uma pessoa pode fazer, diante de uma câmera. E tinham medo de fazê-lo com uma pessoa de outro sexo ou com outro tom de pele? Ou julga alguém só porque gosta de pessoas do mesmo sexo? Isso sempre me chocou.
No começo da minha carreira, umas garotas me disseram “ah, você ganha um extra por fazer inter-racial” [imita a voz de uma menininha esganiçada]. E eu pensava: “O quê? O que vocês estão pensando? Vocês estão malucas?”. Tá, podia ser até um jeito de fazer mais dinheiro, mas sempre me pareceu errado. Já conheci atrizes que não topavam fazer cenas solo de masturbação com um pênis de borracha negro porque consideravam sexo inter-racial.
Não, nunca. Nem passou pela minha cabeça.
Na verdade, nunca pensei sobre isso porque simplesmente nunca foi uma questão para mim. Cresci em uma vizinhança cheia de diversidade em que não importava a cor da pele.
Ler, obviamente, é um direito universal e todos deveriam ter acesso a isso. Eu gostaria de passar o resto da minha vida encorajando crianças ou comunidades inteiras a ler. Outra coisa: por causa do meu passado – e porque as pessoas costumam associar o pornô à violência e à misoginia – tenho pensado cada vez mais em mudar essa perspectiva, de alguma forma. Bem, se o pornô pode ser mesmo considerado violento, por que não ajudar mulheres que sofrem violência sexual? Quando eu era mais nova e ouvia histórias de abuso, principalmente em relacionamentos, costumava pensar: “OK, a mulher é livre pra fazer o que quiser, então porque simplesmente não abandonou o cara?”. Agora, mais velha e com mais consciência, percebo como essas situações são delicadas, pensar em uma garota sofrer abuso parte meu coração e me faz refletir sobre o que posso fazer para ajudar. E não acho que precisa de muito, hoje em dia a internet é muito poderosa para conscientizar as pessoas. Tem um site chamado Change.org [plataforma internacional de abaixo-assinados], que apoia questões de direitos humanos no mundo todo. Eles realmente fazem a diferença em vez de atrair atenção da mídia para conseguir mais publicidade.
Especialmente por causa da internet, os escândalos sexuais têm vitimado garotas exploradas por pessoas em quem elas pensavam que podiam confiar só porque estava do outro lado do mouse. Com a rede, as pessoas têm desenvolvido um complexo de que podem se livrar de tudo só porque estão na internet. Por isso também temos que ensinar as mulheres a se sentirem seguras com a própria sexualidade e ensinar os jovens que o mundo não é bonito, não são só flores e arco-íris, para que tenham um suporte firme e saibam lidar com essas situações.
Uau, tenho muitas bandas favoritas. The Clash, claro. Bauhaus, Joy Division, Bad Brains. Estou bem surpresa com o novo álbum do David Bowie. E, ah, tem outra banda que se chama The Skins, eles são super punk rock, com um som rápido, e têm uma vocal feminina que é insana.
Ah, foi mais ou menos uma semana antes de embarcar para cá, mas não sei... Nem ao menos sei quantos discos comprei. Às vezes entro em uma loja de discos e, momentos depois, olho para a sacola nas minhas mãos e penso “Caralho, como isso foi acontecer?”. Realmente não consigo me lembrar de tudo o que comprei [risos]!
Acho que meus grandes vícios são discos, DVDs e Blu-Rays.
Não, mas eu adoraria saber onde posso ir.
Sim… Tem alguém por quem realmente estou apaixonada.
É…
Melhor não.
São Paulo sem carro
Todo mundo que enfrenta o trânsito de São Paulo diariamente já sabe o quanto ele é prejudicial à qualidade de vida. Uma pesquisa do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas) revela que 58% dos paulistanos acreditam que as horas no congestionamento são causa de infelicidade. Este e outros dados sobre como lidamos com transporte na cidade estão na segunda edição do guia Como Viver em São Paulo Sem Carro, idealizado por Alexandre Lafer e editado por Leão Serva, que chega as livrarias no final de agosto. Capa: Como viver em São Paulo sem carro - 2013 Além da infelicidade no trânsito, o livro mostra ainda que parte da população, principalmente a mais jovem, está deixando de usar automóveis como principal meio de transporte. Nos últimos dois anos, cerca de 57% dos jovens da capital deixaram de sonhar com o primeiro carro, o que pode mudar a situação do trafego nas próximas gerações. A pesquisa revela também que, muitas vezes, vender o carro e andar de táxi pode ser mais vantajoso para ganhar tempo e economizar dinheiro. Com ilustrações de Eva Uviedo, a segunda edição do guia conta a história de 15 novos personagens que optaram por deixar os carros de lado. Entre eles, a atriz Nathalia Rodrigues e o designer Humberto Campana. Leão Serva, coautor do guia, conversou com a Trip e atesta que, no futuro, vamos sim usar menos carro. “Não por benemerência, mas por necessidade”. Trip - 38% dos paulistanos optam por usar o carro só nos fins de semana. Isso significa que está mais fácil viver em São Paulo sem carro? Acho que revela sim que está mais fácil viver em São Paulo sem carro. Embora ainda tenham problemas, o metrô melhorou muito nos últimos tempos, os ônibus também. Com ciclovias, ciclofaixas, etc, as bicicletas viraram uma realidade. E ficou mais difícil viver com carro. O número de novos carros cresce todos os dias, o governo mantém congelada a gasolina há dez anos, quem tem carro é incentivado a usá-lo e os congestionamentos crescem em todo o país. As pessoas parecem ter se dado conta de algo que dizíamos na primeira edição do guia, o trânsito vai sempre crescer, a solução é individual. Mas o uso da bicicleta ainda é difícil na cidade, apesar do respeito pelo ciclista ter aumentado. Estamos caminhando para melhoria neste sentido? Sem dúvida! O respeito ao ciclista cresceu, a educação dos ciclistas também está melhorando, há até instituições como o Bike Anjo que ensinam as pessoas a melhorarem sua segurança usando a bicicleta. As ciclovias também cresceram, de zero para algo já visível - que ainda assim é pouco - com pelo menos duas delas muito úteis ligando o centro a regiões muito populosas, como as zonas Leste e Sul. E as ciclofaixas, embora ligadas ao lazer, servem como incentivo didático para os dois lados, os ciclistas e os motoristas. Gráfico mostra quais os meios de transporte os paulistanos aderiram no lugar do automóvel Era cultural também ter o esperado primeiro carro, mas agora vemos que jovens brasileiros estão optando por não ter carro. Isso prevê uma mudança no tráfego das próximas gerações? Sim, essas curvas de crescimento indicam para pontos de equilíbrio. A população de São Paulo está estável há vários anos, a curva de demanda por novos carros tem um ponto de arrefecimento e o uso voraz também tende a diminuir. Nos Estados Unidos há uma inflexão no uso do carro nas novas gerações. Na Alemanha, há uma mudança muito grande na relação com o carro, para menos uso como meio de transporte constante para uma coisa mais eventual e uso mais intenso de transportes públicos. Isso deverá acontecer no Brasil também. Mas veja bem, ninguém o fará por benemerência, mas por necessidade. E uma das mais fortes influências para isso é exatamente o desconforto causado pelos congestionamentos. Vai lá: Lançamento do livro “Como viver sem carro em São Paulo”
O número de usuários de trem e metrô aumentou, mas a qualidade dos serviços ainda é precária. Como fazer com que a população abandone o carro sem termos alternativas que facilitem o dia a dia? O número de usuários de trem e metrô em São Paulo cresceu nos últimos três anos o correspondente a todo o universo das pessoas transportadas por trem e metrô no Rio de Janeiro. É uma cifra impressionante. 1,2 milhão de pessoas se somaram aos usuários que já existiam no sistema de trilhos. Isso é prova de que o sistema não é tão ruim quanto dizem e que o povo não é bobo. Ele adotou o transporte público sobre trilhos porque as vantagens superam as desvantagens. A tão falada lotação existe, de fato, mas ela é concentrada em certos horários e trechos. E ela não é tão maior do que a que se vê em horários e trechos daqueles sistemas que o brasileiro costuma admirar e descrever como "de primeiro mundo". O que acontece é que você não pode dimensionar o sistema pelo horário de pico. A rigor isso é jogar dinheiro fora, dinheiro de impostos. Ao mesmo tempo, há muito a melhorar, de fato, mas devemos saber que quando o sistema estiver excelente, ainda assim milhões de pessoas estarão paradas dentro de carros em congestionamento, porque isso é uma característica cultural.
Quinta-feira, 29, a partir das 19h
Livraria da Vila - Alameda Lorena, 1731
Instagrafite
O Instagrafite surgiu como uma galeria colaborativa no Instagram, onde as pessoas podiam compartilhar as fotos de grafite que faziam por aí. Hoje com mais de 700 mil seguidores, o perfil virtual se tornou um coletivo que, além da galeria, também tem projetos culturais e de curadoria de street art que realizam até mesmo revitalizações urbanas. Mais do que isso, desenvolve iniciativas sociais, como oficinas de grafite em comunidades carentes, palestras e cobertura de eventos. O diretor de arte Marcelo Pimentel e a pesquisadora de tendências Marina Bortoluzzi são os diretores do projeto, que nasceu graças à paixão pela arte de rua e ao sucesso que a rede social de fotos alcançou nos últimos tempos. De qualquer lugar do mundo, para qualquer lugar do mundo. A ideia é que as pessoas enxergassem o grafite nas cidades e lugares por onde passassem. Do processo de criação ao muro já grafitado, foram dois anos postando as diversas colaborações diariamente para que o perfil no Instagram fosse considerado a maior galeria virtual colaborativa de arte de rua, com apoio e participação de artistas reconhecidos internacionalmente. Como coletivo, possibilitou que o trabalho de alguns deles estivesse envolvido com as ideias criativas de marcas como Puma e Levi's.
Mulher Maravilha em carne e osso
Rainfall Films
Mulher Maravilha
Na falta de super-heroínas protagonistas no cinema, o norte-americano Sam Balcomb resolveu criar ele próprio sua visão da Mulher Maravilha em vídeo. Junto da produtora Rainfall Films, o diretor assina o curta Wonder Woman.
Abusando de computação gráfica e câmera lenta, o filme não mostra muito mais do que a princesa Diana em luta contra gigantes e bandidos, mas funciona como aperitivo para o longa da Liga da Justiça - esperado para 2017.
Nomes adequados e inadequados
Nomes Adequados Bladimir Quintan Remedios Roberto Cabeza Fernando Castanheira Neto Nomes Inadequados Júlio Pinto Wayne Gillette João Bizzaro Topou com um nome tudo a ver com o trabalho de alguém? Ou com outro totalmente inapropriado para o que seu dono faz? Envie para os e-mails nomesinadequados@trip.com.br ou nomesadequados@trip.com.br. Os selecionados ganham uma assinatura anual da revista. Contemplados nesta edição: Otavio Melim, Felipe Marineli, Saulo Cruz, Luis Lellis e Maria Elisa Curcio
FUNÇÃO: Médico cubano do programa Mais Médicos
COMPROVAÇÃO: www.tinyurl.com/m5bron8
FUNÇÃO: Neurocientista
COMPROVAÇÃO: www.tinyurl.com/kvpxdgf
FUNÇÃO: Engenheiro florestal
COMPROVAÇÃO: www.tinyurl.com/mq5s67q
FUNÇÃO: Dentista
COMPROVAÇÃO: www.tinyurl.com/m2lhos6
FUNÇÃO: Cientista que pesquisa como a barba melhora o desempenho dos montanhistas
COMPROVAÇÃO: www.tinyurl.com/kjky3z7
FUNÇÃO: Diretor de arte
COMPROVAÇÃO: www.tinyurl.com/k66vxn2