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A Fórmula do Amor

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Arquivo Pessoal

Com Tania Nardini no musical Rocky horror show, 1994

Léo Jaime com Tania Nardini no musical "Rocky horror show", de 1994

Eram os mágicos anos 80, época dos penteados que hoje preferiríamos fazer desaparecer com um “abracadabra”, quando Léo Jaime - Páginas Negras da Trip de março - alisava o topete para cantar: “Ainda encoooontro a fóóóórmula do amoooor”.

É nos palcos que ele vai continuar sua busca. Mais particularmente, no musical A Fórmula do Amor, baseado no repertório do roqueiro - algumas composições em parceria com o camarada Leoni. Jaime encabeçará o elenco do projeto em que suas músicas embalarão uma história ficcional passada - onde mais? - na década dos cabelos permanentes (que, felizmente, não fizeram jus ao nome e saíram de moda).

Ainda não se sabe muito do enredo: a produtora e amiga Célia Regina Forte está trabalhando no texto, e Jaime está "curiosíssimo para saber" mais detalhes. Forte adianta que o musical, previsto para estrear só depois da Copa do Mundo de 2014, deverá se passar em dois tempos: os dias atuais e os anos 80.

A direção será de José Possi Neto, à frente de peças como Amigas, pero no mucho e o Cabaret de Claudia Raia. Já a direção musical está a cargo de Miguel Briamonte (de O fantasma da ópera e Priscilla, rainha do deserto). A cantora Luiza Possi, sobrinha de Neto e filha de Zizi Possi, será sondada para um papel.

Hoje no comando do reality-show Detox do amor (GNT), Jaime já se sacolejou em musicais no passado. Contracenou com Marilia Pêra no musical Vitor ou Vitória e foi Dom João 6º no musical Era no tempo do rei, inspirado em obra de Ruy Castro.


Conceito

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Tá, vamos divagar um pouco sobre conceitos.

Tenho reparado como algumas inversões de valores, preconceitos e estigmatizações rolam à nossa volta sem a agente perceber.

Outro dia parei pra pensar, ok, todo mundo da galera "culturete" descasca o sertanejo, tudo bem, eu também não gosto nada desse sertanejo, gosto da música caipira que é outra coisa, mas enfim, a galera insiste em falar que é uma porcaria, que isso e que aquilo, tá , qual a diferença disso pra Gabi Amarantos tão querida de todos os moderninhos e formadores de opinião? O que a música dela tem de "melhor"? As melodias elaboradas? A profundidade nas letras? Todo um valor instrumental e rítmico descoberto pelos inventores dos teclados cássio? Só pra eu entender.

Mais uma confusão que vejo o tempo inteiro, a galera adora achar que um reggae tocado a zero por hora ou gravado toscamente é um reggae roots, que tem de roots nisso? A mãe do reggae se chama rocksteady, a música jamaicana da década de 60, uma música super bem tocada instrumentalmente e com melodias lindas. E o pai do rocksteady, que por sua vez é o avô do reggae se chama ska, praticamente um jazz super elaborado com a diferença de ser acentuado no contratempo. Então a raiz do reggae é quase um jazz? Porque uma música mal tocada vai ser roots então?

Não sei se eu tô ficando mala ou o que tá acontecendo, mas tô sentindo que tá na hora das pessoas pensarem melhor sobre conceitos, sobre o que elas absorvem e sobre o que elas falam depois de absorver.

Aqui vai, um clássico do ska, o skatalites tocando no Sunsplash Reggae Festival.

Bom proveito e boa noite!


Nomes adequados e inadequados

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Creative Commons

 

Nomes Adequados

Marcos Entrenós
FUNÇÃO: Dono da boate de swing 2A2
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/d5r93hh

Maria da Saúde Xavier Barros Correa
FUNÇÃO: Médica
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/brjaxz6

Lola Vinagre
FUNÇÃO: Chef de cozinha
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/cxvzy9k

Nomes Inadequados

Coronel Nazareno Marcineiro
FUNÇÃO: Comandante da polícia militar de Santa Catarina
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/bl9e44s

Roger Fracasso
FUNÇÃO: Advogado
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/c8va6f9

Carmozina Pinto da Silva
FUNÇÃO: Ginecologista
COMPROVAÇÃO: http://tinyurl.com/c6znpx7

Topou com um nome tudo a ver com o trabalho de alguém? Ou com outro totalmente inapropriado para o que seu dono faz? Envie para os e-mails nomesinadequados@trip.com.br ou nomesadequados@trip.com.br. Os selecionados ganham uma assinatura anual da revista. Contemplados nesta edição: Thiago Silveira, Moa Peraccini, Greice Zago, Fernando Broder, Thiago Santaella e Amaury Cesar.

O embaixador, o sequestro e o Cadillac

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Agência O Globo

 

Que fim teve o icônico modelo americano que virou coadjuvante em um dos episódios mais tensos da ditadura militar?

Quando o reluzente Cadillac preto dobrou a esquina da rua Marques, no bairro de Humaitá, Rio de Janeiro, a arapuca já estava armada. Atravessado no meio da via, um Fusca bloqueava a passagem ao mesmo tempo em que outro encostava por trás, impedindo que a limusine escapasse. Somaram-se à ação outros quatro homens vindos a pé, todos armados com revólveres calibre 38. Eram 14h30 do dia 4 de setembro de 1969, quando o Cadillac que levava o embaixador americano Charles Burke Elbrick foi interceptado, no sequestro que se tornaria um dos episódios mais importantes da história política do Brasil.

Com Elbrick e o motorista rendidos, o Cadillac seguiu até uma rua de menos movimento, onde todos foram transferidos para a Kombi que os levaria ao cativeiro. Quase todos, na verdade: o motorista foi deixado no carrão, junto com o manifesto que pedia, em troca da vida do embaixador, a libertação de 15 presos políticos.

A história é mais do que sabida. Entre os 12 participantes do sequestro estão figuras como o ex-deputado Fernando Gabeira (que narra a história no livro depois transformado no filme O que é isso, companheiro?, de Bruno Barreto) e o jornalista Franklin Martins, que viraria ministro da Comunicação no governo Lula. Os militares brasileiros renderam-se às exigências dos guerrilheiros e um avião levou os estudantes soltos até o México, de onde alguns seguiram para Cuba (caso do ex-ministro José Dirceu). O embaixador ficaria no cativeiro até domingo, quando foi liberado na saída de um jogo de futebol. Mas e o carro, que fim levou?

Uma das marcas de maior prestígio do grupo GM (embora tenha sido fundada pelo rival Henry Ford), a Cadillac especializou-se em criar versões exclusivas para chefes de Estado. É o caso do modelo Fleetwood Limusine Série 75, que acabou coadjuvante no episódio do sequestro. Fabricado em 1967 para a embaixada americana no Brasil (conforme comprova o velocímetro graduado em quilômetros, e não em milhas por hora), o automóvel integra hoje uma coleção particular no interior paulista, propriedade do presidente de uma montadora. Curiosamente, não é ele que aparece no filme de Bruno Barreto de 1997: em seu lugar, usaram uma versão mais antiga e menos luxuosa, do início dos anos 60.

Decentralized Dance Party

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Divulgação

DDP

DDP

Entradas a preços exorbitantes, drinks idem, seguranças truculentos, comandas limitando seu direito de ir e vir e, na pista, só carão. Faz tempo que clubes noturnos não são exatamente lugares festivos. “Cadê a jogação?”, se perguntavam os canadenses Ryan Stomberg e Gary Lachance, até resolverem fazer sua própria festa, a DDP (Decentralized Dance Party), três anos atrás, em Vancouver.

Ela funciona assim: Gary fica com um iPod na mão, ligado a um transmissor FM que ele carrega na mochila; mais de 200 rádios portáteis, estilo boombox, são sintonizados na mesma frequência do transmissor e distribuídos às pessoas. Depois é só dar o play para a mágica acontecer.

Qualquer lugar é lugar para uma DDP: estações de metrô, shoppings, praças ou pontes. Para financiar tudo, a dupla recorre a sites de crowdfunding. “Queremos provar que é possível fazer eventos de grande porte sem patrocínio de grandes marcas. Assim somos muito mais livres”, conta. “Penso que se divertir com estranhos em lugares públicos pode ser um ato político extremamente poderoso.”

Em breve, uma DDP pode estar perto de você. Está em curso uma campanha de financiamento para o projeto The Global Party Pandemic aka The Grand Unification Tour, que quer realizar edições da festa em todos os países do mundo. Sim, todos. Lachance e Stomberg não estarão presentes na maioria, obviamente. Mas prometem dar todas as instruções necessárias aos produtores locais. “Será um salto gigantesco para a humanidade e a coisa mais legal desde que o homem lançou um macaco no espaço. Seremos as primeiras pessoas a receber um Nobel por fazer festas.”

Vai lá: www.decentralizeddanceparty.com

Gastronomia urbana

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1ª edição d

1ª edição d'O Mercado Feira Gastronômica

Pra quem gosta de eventos gastronômicos e da noite paulistana, a 2ª edição noturna d'O Mercado Feira Gastronômica é um prato cheio - literalmente. Nesta sexta, 19, a Mad House recebe o evento das 22h às 4h.

Participam desta edição os chefs Alex Sotero (APC Brasil), Bruno Fischetti (Ramona), Diego Belda (Rothko), Gustavo Araujo (Casa do Araujo), Penny Reimer (Mamma Road), além do mixologista Marco de La Roche (Drink.Lab) e o mestre cervejeiro Alexandre Sigolo (Cervejaria Nacional). 

A feira é organizada pelos chefs Checho Gonzales (Cebicheria Gonzales), Henrique Fogaça (Sal Gastronomia e Cão Véio) e pela produtora cultural Lira Yuri. O som fica por conta do DJ Focka.

Vai lá: O Mercado Feira Gastronômica
Onde: Mad House - Rua Augusta, 2559 - São Paulo/SP
Fone: (11) 3081-4431
www.facebook.com/madhouseaugusta

Reescrevendo a história

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Ao unir ícones da cultura pop à figuras históricas, o ilustrador e fotógrafo ucraniano Danil Polevoy reescreveu a história mundial à sua maneira. As colagens de fotos realistas são bem-humoradas e instigantes ao mesmo tempo. Segundo Polevoy “a informação alimenta a imaginação” e é a partir daí que consegue criar. Conheça na galeria o seu trabalho.

Vai lá: www.polevoy.info

(*) Felipe Pedroso é colaborador do blog de arte e cultura BLCKDMNDS

Fim do Studio SP

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Yue Min-Jun

 

Encerramos a casa noturna com muito orgulho de sua trajetória e um enorme sentimento de gratidão a todos os frequentadores e amigos, artistas e bandas que por lá passaram

Em abril deste ano, após oito anos de vida intensa e cerca de 2.100 shows, o Studio SP encerrou suas atividades. A notória e agressiva especulação imobiliária que atingiu o Baixo Augusta e trouxe incertezas à noite é apenas um dos motivos da dura decisão que eu e meus sócios Guga Stroeter e Maurizio Longobardi tomamos. A principal razão é de ordem pessoal e tem relação com novos rumos das nossas vidas e com novos projetos que precisam de dedicação.

Encerramos o Studio SP com muito orgulho de sua trajetória absolutamente independente, sem nenhum centavo de dinheiro público direto ou incentivos fiscais recebidos, e terminamos o trabalho com um enorme sentimento de gratidão a todos os frequentadores e amigos, aos artistas e bandas que por lá passaram e aos funcionários que ajudaram no percurso. Peço licença ao leitor para lembrar alguns momentos marcantes da casa.

_A noite Instituto e a Seleta Coletiva, pilotadas por Daniel Ganjaman, durou sete anos e apresentou muitos artistas, como Emicida, Hurtmold, Curumin e Thalma de Freitas. O projeto culminou com os shows preparatórios do repertório de Criolo, artista que se apresentou diversas vezes na casa.

_O Studio SP Apresenta lançou artistas e discos importantes, com destaque para os lançamentos de Céu, Cidadão Instigado, Tatá Aeroplano, Vanguart, BNegão e Turbo Trio e Cibelle.

_O Cedo e Sentado, projeto de formação de público para novas bandas e democratização do acesso à música, foi plataforma de lançamento de novos artistas ao longo dos oito anos da casa. Foram lançados pelo projeto nomes como Tulipa Ruiz, Tiê, Mallu Magalhães, Thiago Pethit, Karina Buhr, Rômulo Fróes e Bárbara Eugênia.

_A noite Fora do Eixo hospedou e apresentou para São Paulo o notabilizado coletivo cultural. Lançou na cidade nomes como Macaco Bong e Móveis Coloniais de Acaju.

_A casa articulou também vários de seus residentes para prestar tributos às bandas e aos artistas que os influenciaram. Desse processo nasceram alguns clássicos da noite, como Heroes, de André Frateschi, I love Amy, de Miranda Kassin, Del Rey, de Mombojó e China, Seu Chico, de Vitor Araújo Tibério Azul, e Vangbeats, do Vanguart.

_Com curadoria de Lucio Ribeiro, o projeto Rockload, nos primeiros anos da casa, apresentou e lançou nomes como Cansei de Ser Sexy (CSS), Bonde do Rolê, Jumbo Elektro e Cérebro Eletrônico.

_A Invasão Sueca, em parceria com o Coquetel Molotov, foi um festival desbravador de uma nova fase de shows internacionais em clubes e casas noturnas. Ao longo de três edições, o projeto trouxe pela primeira vez ao Brasil nomes como Peter Bjorn and John, Erlend Oye e Jens Lekman.

_Juntamente com o produtor Marcos
Boffa, o projeto Folk-se focou na cena do então novo folk americano e trouxe pela primeira vez ao Brasil nomes como Bonnie Prince Billy, Bright Eyes e Smog.

_O Studio SP Incentiva, coordenado pelas atrizes Carolina Mânica e Luciana Caruso, destinou rendas de shows e festas para fomento da produção de cinema e teatro. Destaque para produções de Mário Bortolotto e Beto Brant.

_Criados para a valorização de música e arte de rua, atividades circenses e performances, os projetos Cabaré Volátil e Incrível Show de Talentos tiveram apresentações dos atores Julinho Andrade, Tainá e Titi Müller, do acrobata Lú Mineiro e das bandas Vaudeville e Mustaches e os Apaches.

_ Shapeart e Las Tablas foram exposições de artistas plásticos em skates e pranchas de surf que reuniram nomes como Guto Lacaz, Ivald Granato e Pink Wainer. Elas se juntaram ao ambiente do Studio, que foi decorado ao longo dos anos por artistas como Osgemeos, Speto, Titi Freak, Rodrigo Chã, Jay e coletivos artísticos das galerias Choque Cultural, Grafiteria e Emma Thomas.

_Um lindo projeto de fomento à literatura marginal também rolou: a Trilogia Suja de Sampa, com Xico Sá, Clarah Averbuck, Alex Antunes e convidados fazendo leituras e escolhendo a trilha sonora da noite.

_Por fim, lembro do Festival de Política da Trip, realizado em parceria com essa editora e que lotou a casa em pleno domingo de sol, reunindo de forma inédita ativistas, cineastas, artistas e músicos para debater outras formas de fazer política.

Sabemos que a noite é feita de ciclos e só alguns projetos marcam seu tempo. Napalm, Carbono 14, Lira Paulistana, Aeroanta, Blen Blen e agora Studio SP. Que venham os próximos lugares mágicos que fazem São Paulo ser a capital da cultura alternativa do Brasil e um lugar melhor para viver.

*Alê Youssef, 38, é criador do Studio SP e do Studio RJ, um dos fundadores do site Overmundo e presidente do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta. Foi coordenador de Juventude da prefeitura de SP (2001-04). E-mail: alexandreyoussef@gmail.com/Twitter: @aleyoussef


Piada de português

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Yue Min-Jun

 

Estamos construindo sociedades mais justas, porém mal-humoradas. Até piadas de português são perseguidas, com emissoras de TV vetando-as nos programas de humor. Não vou estranhar quando o Ibama proibir fazer graça com papagaio

Eu sou fruto do mau humor. Ou, melhor dizendo, de uma reação a ele. Porque (encurtando bastante a história) uma das coisas que fizeram meu avô pegar a família e se mandar de Genebra, na Suíça, e acabar no Brasil, foi o fato de ele não suportar o tédio calvinista, conservador, sem graça e cinzento da cidade em que nasceu. Logo depois, meu pai (que quando chegou aqui tinha 18 anos) conheceu minha mãe e... aqui estou eu. Não sei se tem a ver com os motivos de meu avô, mas quem me conhece poderá confirmar que eu sou um bem-humorado por natureza, sempre pronto a rir e fazer piada sobre qualquer situação. O problema é que o mundo está ficando um lugar perigoso para pessoas como eu.

É verdade que, em boa parte dos casos, a alegria de uns tem sido a desgraça de outros. E quando os “outros” tiveram os meios para isso, eles nunca hesitaram em se vingar da risada de “uns”. Nos últimos tempos, os meios de defesa passaram das eventuais porretadas dos ultrajados às muito mais eficientes leis e patrulhas ideológicas, que punem implacavelmente toda manifestação considerada ofensiva (incluindo as piadas que exploram traços físicos, de saúde, questões étnico-raciais, religiosas ou de orientação sexual).

Bem-vindos, senhores, ao império do politicamente correto. É um mundo ruim? Não dá para dizer isso. Afinal de contas, passaram a ser assegurados os direitos de pessoas que antes não tinham como se defender e restringiu-se o poder de humilhar com palavras e gestos. Não há como não condenar o riso arrogante dos que estão por cima e se sentem donos da verdade. Mas, na outra ponta, ao limitarmos aquilo de que se pode achar de graça, estamos de fato restringindo a liberdade de expressão. Pois ou eu bem posso dizer o que me der na telha, ou não. Sim, nosso mundo pode até estar ficando melhor, mas ele também está ficando, sem sombra de dúvida, mais besta: nem clássicos infantis, como os livros de Monteiro “Reinações de Narizinho” Lobato (racista!) e do alemão Otfried “A Bruxinha Sabida” Preussler (outro racista!), ou velhas cantigas de roda, como “Atirei o pau no gato” (que supostamente incentivaria os maus-tratos aos animais), têm escapado ilesos do recente patrulhamento ideológico.

Saco de risadas

Estamos, neste começo de século 21, construindo sociedades gradativamente mais justas, mas mais mal-humoradas. Até mesmo as velhas piadas de português têm sido perseguidas, inclusive com emissoras de televisão vetando-as em seus programas humorísticos, e não vou estranhar o dia em que o Ibama proibir as piadas de papagaio. Como me disse minha filha Naná, estudante de direito, o problema maior não é a liberdade de reclamar de algo que se considerou ofensivo; a coisa complica é quando o politicamente correto vira lei e passa a comprometer a liberdade de expressão. Se esse ímpeto coercitivo não for refreado, ele poderá impedir, no limite, que qualquer cartum seja desenhado, que qualquer livro seja escrito, qualquer filme seja filmado (Tarantino chegou a ser acusado de racismo porque a palavra nigger era falada em Django Livre!). O politicamente correto, à solta e legalizado, acabará por impedir, no fim das contas, o riso.

Qual a fronteira ideal entre preservar o direito à livre expressão e o direito (de uma única pessoa ou de grupos étnicos, religiosos etc.) de não se sentir moralmente agredido? Confesso que não sei. Mas fico pensando que é possível que, do jeito que as coisas estão indo, um produto indispensável para ter em casa, no futuro, será o velho saco de risadas... Para que, quando o mundo todo estiver parecido com a opressiva Genebra na qual meu avô não conseguia respirar, qualquer pessoa possa saber como era o som daquelas coisas já há muito tempo extintas da face da Terra, o riso e a gargalhada.

*André Caramuru Aubert, 50, é historiador e trabalha com tecnologia. Seu e-mail é acaramuru@trip.com.br

Humor ontem, hoje e amanhã

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Folhapress

Ronald Golias: (1929-2005)

Ronald Golias: (1929-2005) 

"Não leve a vida a sério demais. No fim ela vai rir de você...” O sábio conselho estava pregado em algum vidro de carro por aí. Não sei precisar onde vi nem quando. Acho que estava em inglês. Mas nunca me esqueci da quantidade acachapante de verdade contida nessa “brincadeira”. Esse é, de alguma forma, o espírito desta edição da Trip.

Espirituoso, aliás, é um dos elogios que costumam ser feitos a quem carrega a virtude do bom humor. Por todos os lados, em frases de adesivos de carros, em ditados populares, nos pensadores gregos ou em respeitáveis filosofias orientais ancestrais, a associação de humor, leveza e riso com a noção de elevação espiritual e de transcendência se repete. Por aqui, o humor sempre teve peso dez e a mais absoluta leveza.

A capacidade de brincar e de rir da nossa própria condição humana, imperfeita por definição, é parte da formulação da Trip. Mas, em que pese o árduo trabalho da nossa equipe para retratar um espectro amplo da história e dos protagonistas do humor brasileiro no sentido mais estrito da expressão, como você verá a seguir, nos interessa também que esta revista consiga levar a pensar na densa e crucial carga crítica e de crônica social que cabe ao humor exercer. O que mais nos interessou desde que começamos a abordar o tema foi o humor como uma ferramenta de conexão com outros planos de consciência, com o poder de nos salvar, nos arrancando da mediocridade e elevando nossos espíritos.

Nunca é demais lembrar que na etimologia da palavra “diversão”, por exemplo, encontra-se a ideia de algo capaz de transportar nossas mentes para um lugar “diverso”, fora do turbilhão tenso e sem nexo no qual costumamos nos enfiar até o pescoço, na ilusão de que estamos produzindo e agindo de forma eficiente dentro do “contexto social”. Felizmente, contamos com os deuses do humor, uns mais outros menos hábeis, para nos remover desse rodamoinho e nos levar para esta esfera um pouco mais nobre da existência.

Bombas explodem e matam nas ruas americanas, um estudante paulistano é assassinado com um tiro na cabeça em frente ao prédio em que morava depois de entregar o celular ao ladrão, um misto de caudilho e Pikachu ameaça detonar uma guerra nuclear intercontinental na Coreia do Norte...

Com tudo isso rolando vamos falar de humor? A resposta é sim, desde que o humor seja lembrado como uma das mais eficazes maneiras de externar e produzir indignação. Ou ainda como a melhor palavra para traduzir o bem-estar psíquico e emocional de uma pessoa. Exatamente o que parece faltar aos protagonistas dos exemplos citados acima.

Paulo Lima, Editor

Pastelão a três

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Hugo Possolo, palhaço e diretor do grupo Parlapatões, de São Paulo, fala de seus bufões favoritos

Obama e a graça na política

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Yue Min-Jun

 

O humor assume cada vez mais importância no campo político. Nos EUA, já está tudo dominado. A Casa Branca incorporou a piada como uma de suas principais formas de comunicação com o público

Se fosse preciso escolher uma forma de comunicação para caracterizar a linguagem da internet, seria, sem dúvida, o humor. Ele se tornou a principal força que junta pessoas, organiza movimentos, protestos, cria comunidades e, com isso, assume cada vez mais uma importância política. Dois exemplos ilustram isso. O primeiro é o coletivo Anonymous, que continua a ganhar atenção da mídia global por suas ações políticas (como nos protestos feitos contra Marco Feliciano por conta da sua constrangedora postura à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara). Vale lembrar que o grupo surgiu por causa do humor. Sua origem aconteceu em fóruns underground da rede, como o site 4Chan, com o objetivo de simplesmente provocar risadas (carinhosamente chamadas pelo grupo de lulz, uma corruptela para o termo laughs, em inglês). Mesmo com o grupo se envolvendo cada vez mais com temas sérios, não perdeu o bom humor, que continua aparecendo em boa parte de suas ações.

Outro exemplo é a importância que o humor assume cada vez mais no campo político. Nos EUA, por exemplo, já está tudo dominado. A própria Casa Branca incorporou o humor como uma de suas principais formas de comunicação com o público. No último dia 1º de abril, por exemplo, o Twitter oficial de Barack Obama pregou uma peça no mundo inteiro. Anunciou que Obama faria um importante pronunciamento. Só que, na hora marcada, na sala de imprensa oficial, apareceu o garoto Robbie Novak, 10 anos. Ele é protagonista uma série de vídeos que se tornaram virais no YouTube, chamada Kid President (Garoto Presidente).

A brincadeira, que se tornou um viral em si, ajudou a reforçar o capital político de Obama e foi repercutida em praticamente todas as mídias, on-line e tradicionais. Não foi a primeira vez que Obama adotou a estratégia do humor. O jantar anual dos jornalistas na Casa Branca já se consagrou como um festival de humor, com Obama liderando o show. Na campanha presidencial contra Mitt Romney, o candidato democrata aceitou dar uma arriscada entrevista para os leitores do site Reddit, na modalidade chamada AMA (Ask me Anything ou Pergunte-me qualquer coisa). O site é conhecido por seu conteúdo bastante problemático (que inclui pornografia e ofensas). E também por ser fonte de divulgação de inúmeras das piadas que circulam pela internet. O resultado, uma vez mais, foi positivo para a campanha.

Rir pra não chorar

Enquanto isso, o Brasil ainda está longe de adotar o humor como uma prática consolidada no meio político. Ao contrário, a política no país dá mais razões para choro do que para riso. Mas, ao menos do lado dos eleitores, as coisas estão mudando. O humor está se tornando cada vez mais importante como uma reação da sociedade às campanhas políticas, como mostraram os bem-humorados virais surgidos nos últimos períodos eleitorais.

O fato é que o humor pode contribuir para aumentar a transparência do debate eleitoral. Ele coloca figuras políticas na berlinda e permite dizer coisas que nem sempre são ditas no debate eleitoral “sério”. Em outras palavras, ele é mais um jeito de colocar a política sob a desconfortável luz do sol, que tudo desinfeta.

*Ronaldo Lemos, 36, é diretor do Centro de Tecnologia da FGV-RJ e fundador do site www.overmundo.com.br. Seu e-mail é rlemos@trip.com.br

Sorria, você está sendo observado

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Se um automóvel sorrir para você, não precisa sorrir de volta. Tudo não passa de uma calculada estratégia dos designers para atrair a atenção dos consumidores

Os faróis são como dois olhos. Os retrovisores ganham ares de orelhas e a grade frontal se assemelha a uma grande boca. Se você já olhou para um automóvel e enxergou nele emoções como a de um rosto sorridente, não se preocupe, você não está sozinho. O fenômeno tem até nome: pareidolia, que é a capacidade de o nosso cérebro reconhecer feições humanas em nuvens, montanhas, árvores ou qualquer objeto inanimado.

No caso específico dos automóveis, os fabricantes até já perceberam a influência que isso pode causar nas vendas de um modelo. “A cara que damos a um carro é totalmente proposital e levada em consideração na hora de criar o estilo de um novo produto”, reconhece o designer automotivo Hélio Queiroz, integrante do departamento de design da General Motors do Brasil. “Um simples farol mal posicionado pode deixar o carro estrábico ou com aparência triste, representando fracasso nas vendas e milhões em prejuízo”, enfatiza o especialista. “O consumidor nem sabe a razão, mas acaba refutando determinados modelos. É um ato inconsciente”, diz.

Um estudo realizado por uma empresa de consultoria chamada EFS, com o apoio de antropólogos das universidades de Viena e de Chicago, também reconheceu o fenômeno, além de apontar a predileção por automóveis sorridentes.

Carros felizes, por sinal, têm se mostrado uma tendência atual. Basta reparar no número cada vez maior de marcas cuja identidade visual incluiu grades frontais avantajadas e voltadas para cima, como um amplo sorriso. “Mas é preciso dosar o efeito, além de levar em consideração a cultura de cada país”, observa Hélio, apontando como exemplo modelos com ares infantis, verdadeiros sucessos em mercados como a China (caso do Chery Faira e sua aparência que remete a um bichinho de desenho animado), mas que acabam não agradando ao gosto do brasileiro.

Herbie

E, para quem acha que carro com cara de gente é coisa nova, o que dizer de clássicos como o inglês Austin-Healey Sprit de 1958 ou do velho conhecido Fusca? Diferentemente do que muita gente pensa, a fama de o Fusca quase se comunicar com seus proprietários é muito anterior ao personagem Herbie dos filmes da série Se meu Fusca falasse, lançados entre 1969 e 2005.

Já em 1956, a Volkswagen circulava o mundo com uma publicidade na qual a frente do modelo se misturava a um rosto sorridente. Característica fundamental, segundo os produtores, para o modelo sobressair-se no “teste de elenco” e derrotar 11 concorrentes de outras marcas antes de arrematar o papel de protagonista nas películas da Disney.

Gabrovo x Piripiri

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Gabrovo, a capital búlgara do humor

Gabrovo, a capital búlgara do humor

Uma fica na Bulgária; a outra, no Nordeste brasileiro. Em comum, Gabrovo (terra do pai da presidenta Dilma Roussef) e Piripiri (não, Gretchen não nasceu lá) compartilham o título de capital do humor

Gabrovo, onde nasceu Petar Roussev, pai de Dilma Roussef, se diz a cidade mais engraçada da Bulgária – tem Carnaval, bienal e museu do humor. Com a palavra, a prefeita, Tanya Hristova.

O que faz os gabrovianos serem tão hilários?
Eles riem deles mesmos e se orgulham disso.

Como é o carnaval de humor?
É a nossa quinta estação. No último fui de Cruela Cruel.

Como foi a visita de Dilma em 2011?
Ela ganhou a escultura O encanto de Europa [uma mulher nua em cima de um ser metade touro, metade homem]. Esperamos que tenha recebido com um sorriso, afinal, tem sangue gabroviano nas veias.

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Piripiri - A capital do humor no Piauí

Piripiri - A capital do humor no Piauí

O governo piauiense reconheceu Piripiri como a capital da graça no estado, fazendo a alegria de seus 62 mil habitantes. O prefeito, Odival Andrade, especula sobre a água piripiriense.

O que Piripiri tem de especial?
A verve é diferenciada. Não sei se é a água do açude, mas exportamos humoristas, como João Cláudio Moreno, da Escolinha do professor Raimundo. Mas os melhores ficaram por aqui, no anonimato.

Gretchen homenageou vocês no “Melô do Piri Piri”?
Se a intenção foi nos fazer uma alusão, é uma honra pra nós, um povo eminentemente artístico.

Quem é o maior comediante do Brasil hoje?

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Arquivo pessoal

O casal Dani Calabresa e Marcelo Adnet aparece entre os favoritos dos fãs da Trip no Facebook

O casal Dani Calabresa e Marcelo Adnet aparece entre os favoritos dos fãs da Trip no Facebook

Fizemos essa pergunta na nossa página no Facebook. Correndo por fora, a revelação foi o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado e pastor Marco Feliciano, autor de frases como “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé”.

Confira abaixo os mais citados.

1 - Porta dos Fundos - 36%
2 - Marcelo Adnet - 25%
3 - Marco Feliciano, Paulo Gustavo 18%
4 - Tatá Werneck, Lula - 9%
5 - Eduardo Sterblitch - 6.8%
6 - Paulo Maluf, Marco Luque, Danilo Gentili, Carioca - 4.5%
7 - Ary Toledo, Chico Anysio, Hermes e Renato, Tiririca, Dani Calabresa, Didi Mocó - 0.7%


Graça de Deus

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Dennys Ricardo

Dennys Ricardo

Dennys Ricardo, na foto, adora tirar sarro de crente. A começar por ele próprio. O pastor da Comunidade Apostólica Livre cobra até R$ 1 mil pelo show Pecado é não achar graça, de seu pioneiro stand-up comedy gospel. É nele que faz paródias como “Um culto a mais é legal”, inspirada na música “Whisky a go go”, do Roupa Nova (“Foi numa festa de doutrina livre, e a vitória o pastor ministrou...”).

Às vezes os fiéis reclamam – como quando ele foi falar sobre “Natal de pobre” e mandou aquela clássica piada de tio: “Gente, vocês gostaram do meu peru?”. Mas o evangélico de 37 anos insiste: “Dar uma de puritano é bobagem”.

Vai lá: standupgospelcomedy.com.br

Nomes adequados e inadequados

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Reprodução

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Nomes adequados

Fábio Canteiro
FUNÇÃO: Arquiteto e paisagista
COMPROVAÇÃO: tinyurl.com/bpfw8gc

Leandro Pinto
FUNÇÃO: Dono da granja Mantiqueira, a maior produtora de ovos do país
COMPROVAÇÃO: tinyurl.com/dyw3fbg

Roberto Justo
FUNÇÃO: Advogado
COMPROVAÇÃO: tinyurl.com/d4w3gh2

Nomes inadequados

Panicos Demetriades
FUNÇÃO: Presidente do Banco Central do Chipre
COMPROVAÇÃO: tinyurl.com/dx6x2jf

Patrícia Queijo
FUNÇÃO: Diretora do Outback, restaurante especializado em carne
COMPROVAÇÃO: tinyurl.com/c8uadrj

Miriam Martins Serra Pinto
FUNÇÃO: Anestesista
COMPROVAÇÃO: tinyurl.com/btf7cve

Topou com um nome tudo a ver com o trabalho de alguém? Ou com outro totalmente inapropriado para o que seu dono faz? Envie para os e-mails nomesinadequados@trip.com.br ou nomesadequados@trip.com.br. Os selecionados ganham uma assinatura anual da revista. Contemplados nesta edição: Lígia Leme Pincelli, Clelio Antonio, Sergio Pereira, Diego Serra, Tomás Bueno, Rodrigo Alves

Gás hilariante

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Associated Press

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Usado para anestesia em consultórios de dentistas, o óxido nitroso tem sido utilizado para fins, digamos, mais recreativos. Isso porque a substância, também conhecida como gás hilariante ou do riso, quando inalada provoca uma depressão no córtex cerebral, região responsável por sentimentos como medo e ansiedade, e traz bem-estar e relaxamento.

De rápida absorção pelo organismo, a solução usada nos consultórios tem até 70% do gás misturado a 30% de oxigênio. Superdoses podem desencadear uma vontade incontrolável de rir, mas também provocar sensações não muito engraçadas, como náuseas e crises de tontura.

* * *

No vídeo, uma clássica cena de "A Nova Transa da Pantera Cor-de-Rosa" (1976), na qual o Inspetor Clouseau (Peter Sellers) apronta mais uma com o Inspetor Dreyfus (Herbert Lom), passando-se por um dentista que usa o gás hilariante para "tratá-lo".

Me explica

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Uma das participações de Diogo no programa Guia do Dia, da TV Cultura

Uma das participações de Diogo no programa Guia do Dia, da TV Cultura

Por que a Síria está em guerra? O que são os recursos do Mensalão? O que significa ser excomungado? O que é uma startup? O que é impressão 3D? Por que a redação do miojo não tirou zero? Essas e outras perguntas que pairam sobre as cabeças de quem acompanha o noticiário não precisam ser mistério. Para isso existe o Me Explica.

O Tumblr "tira-dúvidas" de cultura geral é mantido pelo jornalista Diogo Rodriguez, que por muito tempo integrou a equipe do site da Trip, e vem ganhando mais acessos a cada dia. O crescimento do blog se deu em grande parte graças à participação de Diogo no programa Guia do Dia, da TV Cultura, onde ele explica algumas das notícias mais relevantes da semana com a mesma pegada de sua versão para a internet.

O texto do blog é simples e direto. Através das postagens você conhece detalhes normalmente omitidos nas reportagens de atualidades e entende causas e consequências para as maiores notícias da semana sem ter que fazer pesquisas extensivas sobre cada assunto.

Se você quer agilidade na hora de entender os assuntos em pauta, então o Me Explica é pra você.

Vai láhttp://explica.tumblr.com

Humor vintage

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Saiba mais sobre os medalhões da comédia que inspiraram o ensaio de moda da Trip #221

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